“Sedentas de sangue”: adolescentes estão a ser usadas como ‘assassinas de aluguer’ nas guerras do crime organizado na Suécia

uécia tem visto aumentar o número de jovens adolescentes que são contratadas como ‘assassinas de aluguer’ nas guerras do crime organizado que têm assolado o país

Francisco Laranjeira
Setembro 9, 2025
11:23

A Suécia tem visto aumentar o número de jovens adolescentes que são contratadas como ‘assassinas de aluguer’ nas guerras do crime organizado que têm assolado o país, ansiosas por mostrar que são mais mortais e cruéis do que os homens jovens, alertaram esta terça-feira as autoridades suecas, citadas pela ‘CBS News’.

“Tive um caso que envolveu uma garota de 15 anos recrutada para atirar na cabeça de alguém”, referiu a promotora de Estocolmo, Ida Arnell, à ‘AFP’. “Ela pôde escolher o tipo de missão que queria, ou seja, atirar à porta ou à cabeça do sujeito. Ela escolheu a cabeça.” A jovem viria a ser presa com um cúmplice de 17 anos, que puxou o gatilho, deixando a vítima às portas da morte depois de ter sido baleada no pescoço, estômago e pernas.

De acordo com Arnell, um número crescente de jovens está a oferecer os seus serviços a mafiosos, incluindo como ‘assassinas de aluguer’, em sites de mensagens criptografadas. As meninas “precisam de mostrar que são ainda mais determinadas e fortes (do que os meninos) para conseguir o emprego”, acrescentou a promotora.

Cerca de 280 meninas entre 15 e 17 anos foram acusadas de assassinato, homicídio culposo ou outros crimes violentos no ano passado — embora não esteja claro quantas estavam ligadas ao crime organizado. Os especialistas alertaram que a estatística está longe de ser insignificante, já que o papel de meninas e mulheres jovens nas redes violentas do crime organizado que assolam a nação escandinava vem passando despercebido há anos.

Tiroteios e atentados com bombas são ocorrências quase diárias, com o crime organizado frequentemente a recrutar adolescentes com menos de 15 anos — a idade de responsabilidade criminal — para fazer o trabalho sujo em aplicações criptografadas. “Em geral, os jovens ficam sedentos por sangue nesses chats”, independentemente do género, disse Arnell.

A Suécia já foi conhecida pela baixa criminalidade, mas os gangs — que surgiram nos últimos 15 anos — mudaram tudo com o tráfico de drogas e armas, fraudes sociais e tráfico de pessoas, dizem as autoridades. O Governo já considerou como uma “ameaça sistémica” do país. Há relatos de que se tenham infiltrado no setor de assistência social da Suécia, na política local, nos sistemas jurídico e educacional e no atendimento a detidos juvenis.

“As meninas são frequentemente identificadas como vítimas… mas a sua participação em círculos criminosos é muito mais disseminada do que supomos há muito tempo”, disse o ministro da Justiça da Suécia, Gunnar Strömmer, em abril último. “As noções preconcebidas sobre o papel das mulheres e meninas no crime apresentam o risco de que elas não sejam vistas nem como criminosas nem como pessoas que precisam de ajuda.”

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