Líder da oposição diz que repressão na Bielorrússia continua. Em maio, foram detidas 96 pessoas por motivos políticos
Sviatlana Tsikhanouskaya, no exílio há quase dois anos, explica que “agora o foco está na Ucrânia”, e, apesar de compreender e apoiar a causa ucraniana, salienta que “as repressões [na Bielorrússia] estão a continuar”, com o número de prisioneiros políticos a crescer diariamente.
Numa publicação no Twitter, aquela que é considerada a “líder das forças democráticas” bielorrussas revela que, “em maio, pelo menos 96 cidadãos da Bielorrússia foram sentenciados por razões políticas”, e explica que, no seu total conjunto, as sentenças chegaram aos 117 anos. “Isto mostra claramente o medo que o regime tem”, aponta.
Instead of releasing political prisoners, the regime continues to imprison more. In May, at least 96 citizens of Belarus were convicted for political reasons. In total, courts handed out 117 years of imprisonment in political cases. It clearly shows how afraid the regime is. pic.twitter.com/UG6897Sfs1
— Sviatlana Tsikhanouskaya (@Tsihanouskaya) June 3, 2022
Em 2020, Tsikhanouskaya terá derrotado o atual Presidente da Bielorrússia Aleksandr Lukhaskenko nas eleições presidenciais de agosto, mas o incumbente não permitiu a transferência de poder. À ‘Foreign Policy’, defende que a comunidade internacional deve ter uma “política consistente para com o regime da Bielorrússia”.
A ativista política explica que isso deverá passar pela criação de “múltiplos pontos de pressão sobre o regime”, do ponto de vista económico e político, “para isolar os comparsas de Lukhashenko”. Considera que deveriam ser impostas sanções a empresas e bancos públicos associados ao governo de Minsk, com o objetivo de “criar o máximo de pressão possível sobre o regime”.
Por outro lado, Tsikhanouskaya considera que deve ser prestado maior apoio internacional à sociedade civil, à imprensa e aos defensores dos direitos humanos “que estão a ajudar prisioneiros políticos”.
A Bielorrússia “é um país crucial para a região” do leste da Europa e, enquanto “Lukhashenko se mantiver no poder, através da violência e do apoio de Putin, continuarão a existir ameaças à Ucrânia” e “riscos para a segurança dos países vizinhos”.
“Não se pode resolver a crise na Ucrânia sem resolver a crise na Bielorrússia”, sentencia Tsikhanouskaya, explicando que uma situação só pode ser solucionada seja a outra também for, estabelecendo um nexo de relação direta entre os dois contextos.
Sobre a guerra na Ucrânia, que conta hoje 100 dias de conflito ininterrupto, a política bielorrussa diz que “se tivesse havido pressão suficiente [sobre o regime bielorusso] e o ditador [Lukhashenko] tivesse sido afastado, a guerra da Rússia contra a Ucrânia provavelmente não teria acontecido e teríamos agora uma situação inteiramente diferente na Europa”.
Had there been enough pressure & the dictator stepped away, Russia’s war against Ukraine probably would not have happened & we would have had an entirely different situation in Europe now. The world’s reaction could have been much stronger. Appeasement doesn’t work #GLOBSEC2022 pic.twitter.com/nhQOzKFHlY
— Sviatlana Tsikhanouskaya (@Tsihanouskaya) June 2, 2022
Tsikhanouskaya sublinha que “a reação do mundo poderia ter sido muito mais forte” e deixa à comunidade internacional uma mensagem clara: “o apaziguamento não funciona”.