Líder da oposição diz que repressão na Bielorrússia continua. Em maio, foram detidas 96 pessoas por motivos políticos

Sviatlana Tsikhanouskaya, no exílio há quase dois anos, explica que “agora o foco está na Ucrânia”, e, apesar de compreender e apoiar a causa ucraniana, salienta que “as repressões [na Bielorrússia] estão a continuar”, com o número de prisioneiros políticos a crescer diariamente.

Numa publicação no Twitter, aquela que é considerada a “líder das forças democráticas” bielorrussas revela que, “em maio, pelo menos 96 cidadãos da Bielorrússia foram sentenciados por razões políticas”, e explica que, no seu total conjunto, as sentenças chegaram aos 117 anos. “Isto mostra claramente o medo que o regime tem”, aponta.

Em 2020, Tsikhanouskaya terá derrotado o atual Presidente da Bielorrússia Aleksandr Lukhaskenko nas eleições presidenciais de agosto, mas o incumbente não permitiu a transferência de poder. À ‘Foreign Policy’, defende que a comunidade internacional deve ter uma “política consistente para com o regime da Bielorrússia”.

A ativista política explica que isso deverá passar pela criação de “múltiplos pontos de pressão sobre o regime”, do ponto de vista económico e político, “para isolar os comparsas de Lukhashenko”. Considera que deveriam ser impostas sanções a empresas e bancos públicos associados ao governo de Minsk, com o objetivo de “criar o máximo de pressão possível sobre o regime”.

Por outro lado, Tsikhanouskaya considera que deve ser prestado maior apoio internacional à sociedade civil, à imprensa e aos defensores dos direitos humanos “que estão a ajudar prisioneiros políticos”.

A Bielorrússia “é um país crucial para a região” do leste da Europa e, enquanto “Lukhashenko se mantiver no poder, através da violência e do apoio de Putin, continuarão a existir ameaças à Ucrânia” e “riscos para a segurança dos países vizinhos”.

“Não se pode resolver a crise na Ucrânia sem resolver a crise na Bielorrússia”, sentencia Tsikhanouskaya, explicando que uma situação só pode ser solucionada seja a outra também for, estabelecendo um nexo de relação direta entre os dois contextos.

Sobre a guerra na Ucrânia, que conta hoje 100 dias de conflito ininterrupto, a política bielorrussa diz que “se tivesse havido pressão suficiente [sobre o regime bielorusso] e o ditador [Lukhashenko] tivesse sido afastado, a guerra da Rússia contra a Ucrânia provavelmente não teria acontecido e teríamos agora uma situação inteiramente diferente na Europa”.

Tsikhanouskaya sublinha que “a reação do mundo poderia ter sido muito mais forte” e deixa à comunidade internacional uma mensagem clara: “o apaziguamento não funciona”.

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