Concentração de CO2 na atmosfera já excede em 50% o nível pré-industrial. “Continuamos a correr a alta velocidade para uma catástrofe global”, aponta cientista
Uma avaliação realizada recentemente pela Agência norte-americana dos Oceanos e Atmosfera (NOAA) aponta que, em maio, a concentração de CO2 na atmosfera chegou às 421 partes por milhão, o valor mais alto desde há milhões de anos.
Conduzida no Observatório Atmosférico de Mauna Loa, no Havai, a análise a mostra que, entre 2021 e 2022, a concentração de CO2 na atmosfera subiu 1,8 partes por milhão.
Em comunicado, o responsável da NOAA, Rick Spinrad, explica que “a ciência é irrefutável: os humanos estão a alterar o nosso clima”, e as nossas economias e infraestruturas devem adaptar-se em conformidade. “O aumento inexorável de dióxido de carbono medido em Mauna Loa é um lembrete severo de que temos de dar passo urgentes e sérios para nos tornarmos uma Nação Climaticamente Preparada”.
Antes da Revolução Industrial, os níveis de CO2 mantiveram-se relativamente constantes, nas 280 partes por milhão, de acordo com a NOAA, um valor que os cientistas acreditam que se tenha mantido por cerca de seis mil anos, até à altura em que as sociedades humanas começaram a injetar artificialmente dióxido de carbono na atmosfera, fruto do nascimento do período industrial.
Os especialistas alertam que os humanos já emitiram cerca de 1,5 biliões de toneladas de CO2, “grande parte do qual continuará a aquecer a atmosfera ao longo de milhares de anos”. “Apesar de décadas de negociação, a comunidade global tem sido incapaz de reduzir o ritmo dos aumentos anuais dos níveis de CO2 na atmosfera, e muito menos revertê-los”, lamentam os especialistas.
Charles David Keeling, o cientista da Scripps Institution of Oceanography que começou a recolher amostras atmosféricas em Mauna Loa em 1958, destaca que “é deprimente que não tenhamos tido a vontade coletiva para desacelerar o aumento incessante do CO2”.
“A utilização de combustíveis fósseis não pode continuar a acelerar. Mas nós continuamos a correr a alta velocidade para uma catástrofe global”, assevera Keeling.