China institucionaliza trabalho forçado de membros da minoria muçulmana uigur em Xinjiang, alerta investigador
Uma investigação de um académico alemão revela que a opressão continuada dos uigures faz parte de um plano do governo chinês para impulsionar o crescimento económico do país.
Adrian Zenz, que estuda as políticas opressoras seguidas por Pequim, aponta que, nos últimos anos, a China tem procurado institucionalizar o trabalho forçado de pessoas da minoria muçulmana uigur na região de Xinjiang, no oeste do país asiático, de acordo com informações avançadas pelo ‘El País’.
O especialista destaca que os uigures que, entre 2016 e 2020, foram forçados pelas autoridades chinesas a trabalhar forçadamente na China ainda continuam a ocupar esses postos de trabalho.
A política laboral na região de Xinjiang, vertida num plano governamental oficial que abrange um período de cinco anos, até 2025, tem como objetivo aumentar a força de trabalho uigur na região, orientado pela máxima “todos os que são capazes de trabalhar devem trabalhar”. Na sua mais recente investigação, Zenz revela que entre dois a 2,5 milhões de uigures estão em risco de serem forçados a trabalhar em Xinjiang.
O investigador aponta que o plano económico para essa região chinesa é caracterizado por Pequim como uma forma de combater a pobreza e o desemprego locais, mas, na realidade, é uma forma de o governo chinês aumentar a mão-de-obra e a produtividade em Xinjiang através de trabalho forçado.
“A natureza sistémica do trabalho coercivo em Xinjiang é o produto de objetivos políticos que somente podem ser alcançados transferindo milhões de trabalhadores uigures das duas atividades rurais para outras industriais, rompendo comunidades tradicionais e transferindo minorias étnicas” para outras regiões, explica Zenz, citado pelo mesmo periódico espanhol.
Pequim tem constantemente negado as acusações de recurso a trabalho forçado e de repressão da minoria muçulmano uigur no país, designadamente na região de Xinjiang, afirmando que os trabalhadores dessa etnia ocupam voluntariamente postos de trabalho.