Num novo vídeo digno do filme ‘Interstellar’, a NASA revelou como seria cair num buraco negro: a simulação foi criada num supercomputador da agência espacial americana e pretende transmitir o que seria passar pelo horizonte de eventos de um buraco negro em direção ao abismo – num segundo vídeo pretende-se mostrar o que uma pessoa veria se passasse por um buraco negro, com o espaço a curvar-se e a torcer-se.
“Simulei dois cenários diferentes, um em que uma câmara – uma substituta de um astronauta ousado – erra o horizonte de eventos e dispara de volta, e outro em que cruza a fronteira, selando o seu destino”, indicou o criador da simulação Jeremy Schnittman, um astrofísico do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland, em comunicado.
Buracos negros são objetos que exercem uma atração gravitacional tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar. Existem vários tipos, incluindo buracos negros estelares (formados pelo colapso de estrelas individuais) e buracos negros supermassivos (encontrados nos centros da maioria das galáxias, incluindo a Via Láctea). Todo o buraco negro tem um horizonte de eventos, que é a fronteira em torno de um buraco negro, além da qual nenhuma luz ou outra radiação pode escapar.
O buraco negro na simulação da NASA é um buraco negro supermassivo, como aquele no centro da nossa galáxia, com uma massa cerca de 4,3 milhões de vezes a do nosso Sol e um horizonte de eventos de cerca de 25 milhões de quilómetros de diâmetro. O brilhante anel de gás ao redor do buraco negro é conhecido como disco de acreção, que brilha intensamente devido à grande quantidade de calor gerado pelo atrito.
Na primeira simulação, é possível ver-se o observador a cerca a cerca de 400 milhões de milhas (cerca de 643 milhões de quilómetros) de distância do buraco negro e a cair rapidamente na sua direção, com o disco de acreção a ficar distorcido e deformado à medida que o observador se aproxima.
“Se tiver escolha, vai querer cair num buraco negro supermassivo”, argumenta Schnittman. “Os buracos negros de massa estelar, que contêm até cerca de 30 massas solares, possuem horizontes de eventos muito mais pequenos e forças de maré mais fortes, que podem destruir objetos que se aproximam antes de chegarem ao horizonte.”
Isso ocorre porque a força da gravidade exercida sobre o seu corpo seria mais forte nos pés do que na cabeça, esticando-o átomo por átomo, num processo conhecido como espaguetificação.
“Um buraco negro de massa estelar tem forças de maré tão extremas fora do seu horizonte de eventos (um astronauta que caísse primeiro sentiria uma gravidade mais forte nos pés do que na cabeça) que o nosso astronauta seria dilacerado muito antes de atingir o horizonte de eventos”, revela Ben Farr, físico e astrónomo de ondas gravitacionais da Universidade de Oregon (EUA), citado pela revista ‘Newsweek’. “As forças das marés são sentidas por um objeto quando a força da gravidade que ele experimenta de algum objeto massivo é mais forte num dos seus lados do que no outro.”
Para este buraco negro simulado, o observador teria apenas 12,8 segundos antes de ser destruído pela espaguetificação.
Na segunda simulação, um observador orbita próximo do horizonte de eventos, mas sem cruzá-lo. Uma pessoa que chegasse tão perto de um buraco negro desse tamanho regressaria 36 minutos mais jovem do que quem ficasse mais longe, devido à diferença na velocidade do tempo que passa perto de um objeto com gravidade tão grande.
“Esta situação pode ser ainda mais extrema”, garante Schnittman. “Se o buraco negro girasse rapidamente, como aquele mostrado no filme ‘Interstellar’ de 2014, regressaria muitos anos mais jovem do que seus companheiros.”














