A Rússia colocou esta sexta-feira em órbita o satélite de comunicações iraniano Nahid-2, num lançamento que reforça os laços estratégicos entre Moscovo e Teerão e reacende os receios das potências ocidentais relativamente aos avanços aeroespaciais do Irão. A operação foi realizada a partir da base de lançamento de Vostochny, no Extremo Oriente russo, com recurso a um foguetão Soyuz.
Segundo noticiou a televisão estatal iraniana, o Nahid-2, com 110 quilos, foi inteiramente concebido e fabricado por engenheiros iranianos e colocado numa órbita terrestre a cerca de 500 quilómetros de altitude. O satélite deverá ter uma vida útil de dois anos. A bordo do mesmo foguetão seguiam ainda dois satélites russos de observação terrestre (Ionosphere-M), bem como outros 17 pequenos satélites russos.
Esta nova colaboração espacial surge num contexto de crescente aproximação entre Moscovo e Teerão, num momento em que ambos os regimes enfrentam sanções e isolamento por parte do Ocidente. A cooperação tecnológica no setor aeroespacial tem sido particularmente acompanhada com preocupação pelos Estados Unidos e pelos seus aliados europeus, que temem que os avanços no programa espacial iraniano possam ser utilizados para reforçar a capacidade dos seus mísseis balísticos.
A data do lançamento é também simbólica, uma vez que ocorre no mesmo dia em que arrancou em Istambul uma nova ronda de negociações nucleares entre o Irão e o grupo europeu composto por Reino Unido, França e Alemanha. Este é o primeiro encontro formal desde os ataques israelitas a instalações militares iranianas em meados de junho, que desencadearam 12 dias de confrontos e levaram a uma intervenção dos Estados Unidos em apoio a Israel, incluindo ataques contra infraestruturas nucleares iranianas.
O Irão tem vindo a acelerar o seu programa espacial nos últimos anos. Em dezembro de 2024, anunciou ter colocado no espaço a carga útil mais pesada até à data com recurso a um lançador fabricado internamente. Já em setembro do mesmo ano, informou o lançamento do satélite de investigação Chamran-1 com recurso ao foguetão Ghaem-100, desenvolvido pela divisão aeroespacial dos Guardas da Revolução Islâmica.
Apesar de Teerão insistir que os seus esforços espaciais têm fins pacíficos e científicos, os países ocidentais mantêm fortes reservas quanto à possível dualidade do programa, nomeadamente a sua eventual aplicação no desenvolvimento de mísseis de longo alcance.














