Responsáveis locais do Chega ‘apertados’ pela estrutura para garantir máximo de participantes na manifestação de setembro em Lisboa

Esta mobilização é vista como crucial para o partido, que a descreve como “a maior e mais importante” desde a sua fundação.

Executive Digest
Agosto 30, 2024
16:13

Os dirigentes das estruturas locais do Chega estão a enfrentar uma intensa pressão para garantir uma elevada participação na manifestação contra a imigração, convocada pelo partido para o dia 21 de setembro em Lisboa. Esta mobilização é vista como crucial para o partido, que a descreve como “a maior e mais importante” desde a sua fundação.

Segundo avançam fontes ao Diário de Notícias (DN), os líderes locais estão a ser avisados de que poderão enfrentar “consequências políticas” caso não consigam mobilizar um número significativo de participantes.

Numa mensagem enviada por Artur Carvalho, responsável pela concelhia de Santo Tirso e figura próxima de Rui Afonso, deputado do Chega e líder da distrital do Porto, foi sublinhado que André Ventura, líder do partido, considera esta manifestação uma “prova de fogo”. Na mensagem, Artur Carvalho enfatiza que Ventura estará atento ao desempenho das distritais e concelhias, alertando que haverá “consequências políticas” para aqueles que “decidirem relaxar e virar as costas ao partido”.

No distrito do Porto, onde o Chega obteve 15,33% dos votos nas últimas legislativas, elegendo sete deputados, a pressão é particularmente forte. Os coordenadores concelhios foram informados de que o partido irá disponibilizar transporte gratuito em autocarros que partirão da Praça Francisco Sá Carneiro (conhecida popularmente como Praça Velasquez) no Porto, em direção a Lisboa. A mensagem, a que o DN teve acesso, incita os dirigentes locais a “agilizar o máximo de pessoas” para participar na manifestação, sublinhando a “máxima importância” de mobilizar apoiantes para o evento, que é visto como essencial para marcar a presença do partido na capital.

Até ao momento não há reação de Rui Afonso quanto à ameaça de “consequências políticas” contida na mensagem de Artur Carvalho. André Ventura, por sua vez, também não comentou as declarações do líder da concelhia de Santo Tirso. No entanto, dentro do partido, é claro que a manifestação de 21 de setembro é vista como um evento decisivo, que deve “marcar verdadeiramente” Lisboa, sendo crucial garantir a presença de pessoas de todo o país.

A mobilização para esta manifestação está a ser tratada com a máxima seriedade, refletindo uma estratégia de “pressão alta” sobre as estruturas locais nas semanas que antecedem o evento.

Este não é o primeiro apelo à mobilização feito pelo Chega. Em abril de 2023, o partido organizou uma manifestação contra a presença do presidente do Brasil, Lula da Silva, na Assembleia da República. Embora o protesto tenha reunido várias centenas de pessoas, houve críticas internas à falta de uma mobilização mais ampla. De forma semelhante, em julho do mesmo ano, o partido tentou mobilizar agentes policiais para um protesto durante uma sessão plenária sobre o subsídio de risco, mas o evento não atingiu a adesão esperada.

Em 2020, durante a pandemia, o Chega organizou a marcha “Portugal não é racista”, que reuniu algumas centenas de participantes em Lisboa. Este evento, que teve início no Marquês de Pombal e terminou no Terreiro do Paço, contou com um discurso do então deputado único André Ventura.

A manifestação de 21 de setembro, no entanto, é vista como um momento-chave para o Chega, que espera superar as mobilizações anteriores e que que o protesto deixe uma marca significativa no cenário político nacional.

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