Relatório alerta para agravamento do risco na dívida soberana de países em desenvolvimento

Segundo o último relatório divulgado pela Crédito y Caución, a dívida soberana dos países em desenvolvimento enfrenta um aumento significativo no risco de incumprimento. Fatores como a pandemia, a invasão da Ucrânia pela Rússia e as interrupções nas cadeias de abastecimento globais contribuíram para essa situação, resultando em 18 incumprimentos nos últimos três anos, ultrapassando o total das duas décadas anteriores.

André Manuel Mendes
Maio 13, 2024
10:31

Um relatório recente mostra um aumento alarmante do risco de incumprimento na dívida soberana dos países em desenvolvimento.

Segundo o último relatório divulgado pela Crédito y Caución, a dívida soberana dos países em desenvolvimento enfrenta um aumento significativo no risco de incumprimento. Fatores como a pandemia, a invasão da Ucrânia pela Rússia e as interrupções nas cadeias de abastecimento globais contribuíram para essa situação, resultando em 18 incumprimentos nos últimos três anos, ultrapassando o total das duas décadas anteriores.

Antes da pandemia, os países elegíveis para empréstimos do Banco Mundial desfrutavam de condições monetárias favoráveis. No entanto, a mudança para obrigações internacionais tornou-os mais vulneráveis a alterações no sentimento do mercado, especialmente após os impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia, resultando na perda de acesso ao mercado internacional de capitais e em custos de empréstimos mais elevados.

Estima-se que os custos dos empréstimos públicos nos países de baixo rendimento aumentarão em até 40% entre 2023 e 2024, consumindo uma parte significativa das receitas públicas.

Apesar das iniciativas do G20, FMI e Clube de Paris para ajudar os países em desenvolvimento, o relatório analisa em detalhe as últimas negociações de reestruturação, que se tornaram mais complexas, se arrastam e, por vezes, nem sequer começam devido a duas alterações substanciais.

Em primeiro lugar, a quota da China no grupo de credores bilaterais aumentou consideravelmente. A China não participa no Clube de Paris, que facilita a coordenação entre os credores públicos bilaterais e aplica a sua própria abordagem aos devedores problemáticos. Mostra-se relutante em aceitar cortes, exige que os mutuários mantenham a confidencialidade dos acordos de empréstimo ou de reestruturação e defende soluções bilaterais em vez de uma abordagem multilateral.

Em segundo lugar, a emissão de obrigações duplicou a percentagem de credores privados na dívida pública. Quando os obrigacionistas fazem parte de uma reestruturação, a situação torna-se ainda mais complexa, uma vez que vários têm de chegar a acordo sobre os termos e, ao abrigo do quadro comum do G20, qualquer proposta dos obrigacionistas negociada com o governo devedor está sujeita à aprovação dos credores oficiais.

 

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.