Rede de farmácias russas encerrada devido a grande ataque informático. É o segundo em dois dias

Centenas de farmácias em toda a Rússia foram forçadas a encerrar portas após um massivo ciberataque que abalou profundamente o sistema de distribuição farmacêutica do país. A cadeia Stolichki, que opera cerca de 900 lojas na região de Moscovo, interrompeu as suas atividades na manhã de terça-feira.

Pedro Gonçalves
Julho 29, 2025
15:22

Centenas de farmácias em toda a Rússia foram forçadas a encerrar portas após um massivo ciberataque que abalou profundamente o sistema de distribuição farmacêutica do país. A cadeia Stolichki, que opera cerca de 900 lojas na região de Moscovo, interrompeu as suas atividades na manhã de terça-feira. Pouco depois, a Neofarm, também presente na capital russa, anunciou igualmente o fecho das suas instalações.

A falha informática causou interrupções generalizadas no acesso a medicamentos, afetando milhares de clientes. Até ao momento, não há indicações sobre quando as farmácias serão reabertas ou quando os sistemas estarão totalmente restabelecidos.

Este ataque informático surge na sequência de outro incidente de grande escala, ocorrido na segunda-feira, que visou a Aeroflot, companhia aérea de bandeira da Rússia. O impacto foi significativo: dezenas de voos cancelados ou severamente atrasados, tanto no início da semana como na manhã de terça-feira.

O grupo de piratas informáticos Silent Crow, em colaboração com os Cyber Partisans — ambos com ligações pró-ucranianas —, reivindicou a autoria das ações. Numa declaração publicada online, os hackers afirmaram estar infiltrados nos sistemas da Aeroflot há um ano, tendo agora lançado uma “operação em larga escala” que culminou na “comprometida e destruição total” da infraestrutura informática interna da companhia.

Kremlin admite preocupação com ciberataques
Num raro reconhecimento de vulnerabilidade, o Kremlin admitiu que os relatos sobre o ciberataque à Aeroflot são “preocupantes”, sem, contudo, confirmar oficialmente o alcance ou os autores do ataque.

A sucessão de ciberataques ocorre numa altura de particular tensão entre Moscovo e Kiev, coincidindo com uma nova vaga de bombardeamentos russos sobre território ucraniano, ocorridos durante a madrugada de terça-feira.

Bombardeamentos mortais na Ucrânia
De acordo com o Ministério da Justiça ucraniano, quatro bombas planadoras russas atingiram uma prisão na região de Zaporíjia, causando pelo menos 16 mortos entre os reclusos e deixando mais de 90 feridos.

Em simultâneo, um ataque russo atingiu uma maternidade na região central de Dnipropetrovsk, provocando a morte de uma mulher grávida de 23 anos. No total, os bombardeamentos russos dessa noite provocaram 27 mortos em várias regiões da Ucrânia.

Zelensky acusa Moscovo de ataques “deliberados”
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu com dureza aos ataques, afirmando que se trataram de ações intencionais por parte das forças russas.

“Foram ataques conscientes e deliberados — não acidentais”, escreveu Zelensky na plataforma Telegram.

As declarações surgem poucas horas depois de Donald Trump ter anunciado a redução do prazo para Vladimir Putin aceitar um cessar-fogo, colocando pressão diplomática sobre o Kremlin.

Medvedev ameaça os EUA
A resposta de Moscovo não tardou. Dmitry Medvedev, antigo presidente da Rússia e atualmente vice-presidente do Conselho de Segurança, fez questão de reagir às declarações do ex-presidente norte-americano, lançando um aviso contundente.

“A Rússia não é Israel, nem sequer o Irão”, declarou Medvedev, classificando os avisos de Trump como uma ameaça directa.

“Cada novo ultimato é uma ameaça e um passo rumo à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com o seu próprio país”, acrescentou.

Estas declarações fazem parte de uma retórica crescente de confronto entre a Rússia e o Ocidente, que agora parece alastrar também ao plano cibernético, com ataques altamente organizados e de impacto estratégico.

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