A poucos dias das eleições autárquicas, foi divulgado o ‘Ranking de Competitividade Municipal’, um índice que avalia a atratividade e a qualidade de serviços e infraestruturas dos 186 municípios portugueses com mais de 10 mil habitantes, abrangendo 94% da população nacional. O estudo foi desenvolvido pelo Instituto +Liberdade com o objetivo de oferecer informação clara e comparável a famílias, empresas e decisores públicos, destacando boas práticas e fragilidades locais.

Segundo o Instituto, este ranking constitui um diagnóstico acionável e transparente que permite identificar onde os municípios estão, para onde podem evoluir e quais as medidas necessárias para lá chegar. Os resultados confirmam que territórios com maior densidade económica tendem a ser mais competitivos, enquanto fatores como acessibilidade, capital humano e escala continuam a condicionar os concelhos do interior. Ainda assim, o estudo sublinha que existem exemplos positivos em várias regiões do país, mostrando que é possível melhorar com políticas públicas focadas na competitividade.
Lisboa, Oeiras e Porto no topo
No topo da tabela surge Lisboa, com 70,1 pontos, seguida de Oeiras (66,2) e Porto (61,6). O top 10 é completado por Coimbra, Aveiro, Cascais, Maia, Alcochete, Funchal e São João da Madeira. O ranking evidencia, assim, um padrão estrutural em que os melhores desempenhos se concentram nos grandes municípios do litoral, caracterizados por maior densidade populacional, empresarial e de infraestruturas.
Apesar disso, duas áreas revelam dificuldades mesmo entre os municípios mais competitivos: habitação, devido ao custo elevado e parque habitacional envelhecido, e fiscalidade e endividamento autárquico, resultado de uma carga fiscal superior e de elevados níveis de dívida em algumas autarquias.
No fundo da tabela predominam municípios do interior e das regiões autónomas, refletindo as assimetrias nacionais e o persistente centralismo do país.
Destaques por categoria
O índice organiza 10 categorias de competitividade em duas dimensões principais — Famílias e Empresas, e Serviços, Infraestruturas e Governação Local —, a que se soma a Competitividade Envolvente, dependente dos concelhos vizinhos.
Entre os destaques, Oeiras lidera na categoria de rendimentos familiares, enquanto Lisboa surge em primeiro no capital humano e no capital produtivo. Coimbra destaca-se na saúde, Angra do Heroísmo, Rio Maior e Faro na educação, e Sátão, Bragança e Monção obtêm os melhores resultados na habitação, contrastando com Lisboa, penalizada pelo preço das rendas e do metro quadrado. Já em cultura e entretenimento, Lisboa e Porto lideram, mas municípios como Alcanena, Estremoz e Elvas também apresentam desempenhos relevantes.
Na fiscalidade e endividamento autárquico, Cinfães, Sátão e Valpaços ocupam os primeiros lugares pela baixa carga fiscal e sustentabilidade financeira. A competitividade envolvente destaca Amadora, Odivelas e Almada, beneficiando da proximidade a Lisboa, enquanto Horta surge na última posição.
Metodologia do estudo
O índice baseia-se em 11 categorias de competitividade, resultantes de indicadores públicos e comparáveis (INE, Pordata e outras fontes), normalizados numa escala de 0 a 100. As dimensões Famílias e Empresas têm um peso de 50%, Serviços, Infraestruturas e Governação Local representam 40% e a Competitividade Envolvente corresponde a 10% da classificação final.
Esta última dimensão mede a influência dos concelhos vizinhos num raio de 50 quilómetros, ponderando a distância e o desempenho relativo de cada território.
Importância para famílias, empresas e decisores
De acordo com o Instituto +Liberdade, o ranking é uma ferramenta útil para orientar políticas públicas, atrair investimento, planear estratégias municipais e apoiar decisões de famílias e empresas. O estudo demonstra que a proximidade a polos dinâmicos potencia oportunidades de emprego, inovação e acesso a serviços, enquanto o isolamento territorial continua a penalizar várias regiões do país.














