Randstad Insight: Employer branding e a importância do compromisso

Por Isabel Roseiro | Marketing & Communication Director da Randstad Portugal

Somos mais e vivemos cada vez mais, temos mais formação, a população com ensino superior mais que triplicou, nos últimos 25 anos. A população ativa tem batido sucessivos recordes, somos mais de 5.5 milhões de profissionais em Portugal. Ainda assim, vivemos um período de elevada escassez de profissionais qualificados, com valores de desemprego historicamente baixos e uma elevada competição pelo talento.

Neste contexto, as empresas enfrentam o desafio de atrair e fidelizar talentos, tornando-se fundamental a adequação das
suas estratégias às prioridades dos profissionais e o desenvolvimento de uma marca empregadora forte e apelativa. Atualmente, o employer branding integra as prioridades estratégicas das empresas, já não é visto como uma missão exclusiva do marketing e dos recursos humanos.

Uma análise aos mais recentes dados mostra estabilidade nas preferências dos profissionais, embora existam diferenças por geração e por função. Nas suas expectativas em relação ao empregador ideal, o salário e benefícios e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal continuam a ser as principais prioridades. Nas diferenças geracionais, destaque para a Geração Z, que tende a ver os empregadores de forma mais positiva em vários fatores, incluindo o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, o ambiente de trabalho agradável e o salário. Esta realidade ganha ainda mais relevância com a crescente presença da Geração Z no mercado de trabalho. Já maioritária face aos Baby Boomers, esta geração traz consigo novas prioridades e formas de trabalhar. A geração mais qualificada e digital de sempre influencia cada vez mais o panorama laboral.

Este é também o momento oportuno para refletir sobre a experiência do talento, que assume uma importância crescente para os empregadores, que investem em tecnologias para otimizar a jornada tanto de candidatos como de colaboradores. Ferramentas com Inteligência Artificial (IA) estão a ser implementadas para criar experiências personalizadas, e os desenvolvimentos futuros prometem intensificar ainda mais essa personalização.

Importa ainda salientar a importância da formação e da requalificação profissional como um forte fator de retenção, com 83% dos profissionais portugueses a darem importância à aprendizagem e ao desenvolvimento contínuo. Cerca de 44% dos profissionais não aceitariam cargos que não incluam formação, especialmente em áreas como IA.

No último ano, a motivação e o compromisso dos profissionais com o emprego aumentou, indicando um sentimento positivo em relação aos empregadores. No entanto, este aumento não se reflete na retenção, com um quarto dos profissionais a afirmar que planeiam mudar de emprego, valor que aumenta para o dobro entre os menos motivados. Há, portanto, oportunidades para melhorar a retenção com programas de reconhecimento, progressão de carreira, formação e benefícios competitivos.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 230 de Maio de 2025