Randstad Insight: 4 para 1

Por Isabel Roseiro | Marketing & Communications director da Randstad Portugal

Uma empresa, quatro gerações distintas. Este é o panora- ma actual quando olhamos para o mercado de trabalho. Observamos hoje que, na grande maioria das organizações, a convivência das quatro gerações, desde os Boomers até à Geração Z, é uma realidade, o que representa uma mudança de paradigma face àquilo que se passava há alguns anos atrás. O que é certo é que, para muitas empresas, este quatro para um pode ser um verdadeiro desafio.

A chave, acredito, passa por ouvir e entender aquilo que cada uma delas procura, o que mais valorizam e, de certa forma, conseguir enquanto empresa, encontrar o denominador comum a todas elas. E aqui, as lideranças assumem um papel fundamental em tentar garantir que há um alinhamento entre o que os profissionais procuram e o que podem oferecer enquanto organização, essencial para a atracção, mas também para a fidelização e reconhecimento do talento interno.

É certo que, como em tudo, na teoria parece fácil, mas na prática nem sempre o é, e os desafios são reais. Olhando para aquilo que melhor caracteriza estas quatro gerações não podemos ignorar as diferenças entre cada uma delas. Se por um lado temos as gerações mais velhas mais resistentes à mudança e com preferência por ambientes de trabalho mais estrutura- dos e com uma hierarquia muito bem definida; por outro, temos as mais jovens, muito caracterizadas pela agilidade, pela constante pro- cura por novos e diferentes projectos e em que a flexibilidade não é sequer um factor negociável.

Vemos ainda os temas do propósito, da importância do desenvolvimento pessoal e da aquisição de novas competências ou da preocupação com o impacto social a estarem cada vez mais presentes aquando da escolha de uma empresa para trabalhar. E isto é totalmente novo em relação àquilo que víamos anteriormente, em que a ideia de carreira es- tava muito enraizada em conceitos relacionados com a ascensão a cargos de direcção, aos anos de permanência numa mesma empresa e até mesmo à questão monetária.

Um verdadeiro quatro para um, e em que cabe a este um tentar encontrar o consenso entre estas quatro gerações tão diferentes entre si. Mas a verdade é que, apesar de todos os desafios que esta convivência simultânea de gerações possa trazer, ela veio também desafiar as empresas, obrigando-as a olhar para dentro, a redefinir aquela que é a sua forma de trabalhar e aquilo que querem ser enquanto marca empregadora. Pois só assim serão capazes de oferecer o que faz com que as suas pessoas se sintam felizes e reconhecidas no papel que desempenham, e este deve ser o objectivo final de qualquer líder.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 221 de Agosto de 2024

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