“Eles não estão a fazer o seu trabalho. A NATO precisa de se unir. A Europa precisa de se unir. Vejam, a Europa é minha amiga, mas eles estão a comprar petróleo da Rússia. Não se pode esperar que façamos isso”, denunciou Donald Trump, sublinhando aos seus parceiros que não quer que “continuem a comprar petróleo [de Moscovo]”.
De acordo com o líder da Casa Branca, tanto a Europa como a NATO “precisam de se unir” para endurecer as sanções contra Moscovo, porque “as sanções que aplicaram não são suficientemente duras”. O dedo está apontado à compra de petróleo russo, indicou o jornal espanhol ’20Minutos’. Mas afinal que na Europa ainda compra a Vladimir Putin?
Segundo estimativas do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), desde o início da guerra na Ucrânia, a Rússia arrecadou 944 mil milhões de euros em receitas com a exportação de combustíveis fósseis. Desse total, os países da União Europeia pagaram (e continuam a pagar) mais de 213 mil milhões.
Embora seja verdade que os 27 países reduziram significativamente a sua dependência do gás russo proveniente de gasodutos (de mais de 40% em 2021 para cerca de 11% em 2024), o mesmo não está a acontecer com o petróleo. Segundo a CREA, entre 1 de janeiro de 2023 e 12 de setembro de 2025, a UE comprou petróleo bruto da Rússia no valor de 21,5664 mil milhões de euros.
Antes da guerra, a UE era responsável por 61% da receita de exportação de combustíveis fósseis da Rússia. Alemanha, Itália e os Países Baixos estavam entre os maiores importadores, superados apenas pela China.
Quando Putin invadiu a Ucrânia em 2022, a UE impôs uma proibição à maioria das importações de petróleo russo, mas permitiu temporariamente a continuidade do fornecimento pelo oleoduto Druzhba. Isso deu tempo a alguns países da Europa Central para procurar alternativas.
Mas, três anos depois, algumas nações parecem ainda procurar essas outras soluções energéticas. É o caso da Hungria e da Eslováquia, que ainda recebem petróleo russo pelo oleoduto Druzhba. No entanto, os dois países são membros da NATO e da UE e demonstram abertamente a simpatia pela Rússia: os seus primeiros-ministros, Viktor Orbán, da Hungria, e Robert Fico, da Eslováquia, mantêm contacto próximo com o líder do Kremlin.
Entre 2023 e setembro deste ano, o Governo húngaro comprou 5,831 mil milhões de euros em petróleo bruto (mais 6,856 mil milhões em gás) de Moscovo. Por sua vez, o Governo eslovaco desembolsou 5,558 mil milhões em troca de petróleo russo e mais 4,058 mil milhões em gás.
O surpreendente é que França e Bélgica estejam na lista do Centro de Pesquisa de Energia e Ar Limpo. Paris aparece pela sua compra de gás natural liquefeito (GNL) da Rússia, que é então reexportado. Esse valor já totalizou 6,775 mil milhões de euros desde janeiro de 2023. O Governo belga, por sua vez, compra petróleo bruto de Moscovo: 463 milhões de euros nos últimos dois anos e meio.
Diante da proibição europeia de importação de petróleo russo, Moscovo teve de procurar novos mercados, o que tornou a China, Índia e Turquia os seus principais parceiros.
Em julho passado, a China comprou 6,2 mil milhões de euros em combustíveis fósseis russos (principalmente petróleo bruto), o que representou 42% do total das vendas. A Índia seguiu com 3,5 mil milhões e a Turquia com 3,1 mil milhões – face às novas exigências de Trump, não passou despercebido que o país de Erdogan é membro da NATO.
Também estão na lista de países compradores de petróleo russo o Brasil, com 18,323 mil milhões desde janeiro de 2023: Singapura, com 12,383 mil milhões e Arábia Saudita, com 10,893 mil milhões de euros.



















