Quase 40% dos profissionais pensam mudar de emprego nos próximos seis meses, revela estudo da ManpowerGroup

Praticamente metade dos profissionais (49%) enfrentam níveis de stress diários moderados a elevados, e só 69% consideram que são verdadeiramente apoiados pela sua organização no que respeita ao seu equilíbrio trabalho-vida

Executive Digest
Novembro 5, 2025
10:40

O cenário de transformação digital, as exigências do mercado, as novas formas de trabalho e as mudanças das necessidades e expectativas dos profissionais estão, hoje, a impactar o mundo do trabalho, nomeadamente no que toca ao bem-estar, satisfação e confiança dos trabalhadores. Perante este contexto volátil, com diferentes impactos nas várias gerações, géneros, funções e setores, os empregadores precisam de delinear estratégias efetivas, capazes de promover a retenção do talento e, consequentemente, o sucesso dos negócios.

Face a esta realidade, o ManpowerGroup divulgou esta quarta-feira o estudo Global Talent Barometer 2025, que avaliou 12 indicadores-chave, distribuídos por 3 índices – Bem-Estar, Satisfação no Trabalho e Confiança – e que revela uma pontuação global de 68%, 1 ponto percentual acima do registado no ano passado, numa avaliação que demonstra o sentimento atual dos trabalhadores a nível global.

82% dos profissionais sentem que o seu trabalho é significativo e tem propósito

O Índice Global de Bem-Estar obteve uma pontuação de 67%, 3 pontos percentuais acima do registado no ano passado, com uma melhoria generalizada de todos os indicadores. Em 2025, grande parte dos profissionais (82%) sente que o seu trabalho é significativo e tem propósito, e quase três em cada quatro (74%) acredita que existe alinhamento com a visão e valores da sua empresa.

Ainda assim, praticamente metade dos profissionais (49%) enfrentam níveis de stress diários moderados a elevados, e só 69% consideram que são verdadeiramente apoiados pela sua organização no que respeita ao seu equilíbrio trabalho-vida.

Quase 40% dos profissionais pensam mudar de emprego nos próximos seis meses

O Índice De Satisfação no Trabalho obteve uma pontuação global de 62%, um valor 1 ponto percentual abaixo do registado no ano passado. De facto, 39% pensam em mudar de emprego nos próximos 6 meses, e 61% sentem mesmo confiança na sua capacidade de o fazer, um valor que sobe 2 pontos percentuais face a 2024.

Isto acontece num momento em que apenas 65% dos profissionais sentem segurança no seu emprego atual para os próximos seis meses – valor que no ano passado se fixava nos 71% – e que só 55% sentem satisfação com o seu emprego, sem intenção de mudar, valor que também desce 5 pontos percentuais quando comparado com o do ano passado.

Profissionais sentem maior confiança, com mais oportunidades de carreira (62%) e de desenvolvimento (77%)

O Índice de Confiança obteve uma pontuação global de 76%, 2 pontos percentuais acima do valor do ano passado. Em 2025, os profissionais sentem mais confiança, alimentada sobretudo pelas oportunidades de carreira (62%) e de desenvolvimento (77%), que sobem 5 e 4 pontos percentuais, respetivamente, face ao ano anterior. Ainda assim, quase 30% destacam oportunidades insuficientes para evoluir dentro da empresa e atingir os seus objetivos de carreira.

No que toca à confiança dos trabalhadores na sua experiência e competências para desempenharem a sua função, este destaca-se como o indicador mais elevado entre todos os analisados (89%), crescendo, inclusive, 2 pontos percentuais face ao ano passado. Além disso, os profissionais têm também confiança na sua capacidade de usar a tecnologia mais recente disponível no seu setor, com um valor de 78%.

Finanças e Imobiliário e Tecnologias de Informação destacam-se, enquanto Bens e Serviços de Consumo enfrentam desafios com o bem-estar e a confiança no trabalho

No que toca às tendências específicas por setores, são os trabalhadores dos setores de Tecnologia de Informação os que apresentam uma pontuação mais elevada no Índice Global do Talent Barometer, com 72%, seguindo-se os de Finanças e Imobiliário e da Indústria Pesada e Materiais, com 71. Por outro lado, os trabalhadores de Bens e Serviços de Consumo refletem a pontuação mais baixa, de 65%.

No que toca ao índice de Bem-Estar, os setores das Tecnologias de Informação e da Indústria Pesada e Materiais são os que apresentam os valores mais elevados, ambos com 70%. No caso do primeiro, este valor é impulsionado, sobretudo, por sentimentos elevados no que toca ao alinhamento de valores e ao equilíbrio vida-trabalho.

Já na Indústria Pesada e de Materiais é impulsionado pelos valores positivos no significado e propósito e também no equilíbrio vida-trabalho. Inversamente, o setor de Bens e Serviços de Consumo é o que apresenta o menor índice de Bem-Estar (63%) – 4 pontos percentuais abaixo da média global –, apresentando os piores valores de todos os setores no significado e propósito, no alinhamento de valores e no equilíbrio vida-trabalho.

Apesar do índice elevado, o setor das Tecnologias de Informação é o que apresenta valores de stress mais negativos, seguido do de Serviços de Comunicação. Neste parâmetro, estes setores encontram-se 5 e 4 pontos percentuais abaixo da média global, respetivamente.

No que respeita à Satisfação no Trabalho, os setores de Saúde e Ciências da Vida e Indústria Pesada e de Materiais apresentam os valores mais elevados, ambos com 64%, seguidos do setor de Finanças e Imobiliário (63%). Os profissionais de Saúde e Ciências da Vida apresentam-se como os mais fidelizados, com 57% a afirmarem não pretender procurar um novo emprego nos próximos seis meses. Este é também o setor onde os trabalhadores sentem maior segurança no seu emprego atual (70%).

Já na Indústria Pesada e Materiais, mais de metade dos trabalhadores (55%) manifesta estar satisfeito no seu trabalho atual. O setor das Finanças e Imobiliário, por outro lado, destaca-se sobretudo pela confiança que os trabalhadores depositam no seu manager (74%), apresentando igualmente resultados otimistas relativamente à confiança em procurar trabalho.

Inversamente, os profissionais dos setores de Serviços de Comunicação e da Energia e Utilities são os que apresentam os Índices de Satisfação no Trabalho mais baixos (ambos com 59%). O segundo revela-se especialmente pessimista nos fatores de satisfação no trabalho atual, com apenas 45% a afirmarem não procurar emprego nos próximos seis meses, e na segurança no trabalho, com um valor 52%, 13 pontos percentuais abaixo da média global.

Em relação à Confiança dos trabalhadores, os setores de Tecnologias de Informação (84%), Energia e Utilities e Finanças e Imobiliário (ambos com 81%) apresentam os índices mais elevados. O primeiro apresenta os melhores indicadores em todos os subíndices, destacando-se pelas oportunidades de desenvolvimento (83%), oportunidades de carreira (73%) e acesso às tecnologias recentes (88%).

No setor da Energia e Utilities, evidencia-se o sentimento de confiança dos trabalhadores quanto às suas competências e experiência (91%) e às oportunidades de carreira, valorizadas por 70% dos trabalhadores. Ainda dentro dos valores mais elevados, as Finanças e Imobiliário distinguem-se pelas oportunidades de desenvolvimento (82%) e oportunidades de carreira (70%).

Também neste índice, o setor de Bens e Serviços de Consumo apresenta o cenário menos otimista, com apenas 72% dos trabalhadores a revelarem confiança, um valor que é especialmente penalizado pelas reduzidas oportunidades de carreira (56%) e de desenvolvimento (71%).

Trabalhadores de Primeira Linha e Blue-Collar apresentam os níveis mais baixos de Bem-Estar e Confiança, mas Lideranças Seniores sentem mais stress diário

Os Trabalhadores de Primeira Linha e Blue-Collar são os que apresentam o Índice de Bem-Estar mais baixo, com 61% e 62% respetivamente, em contraste com a Liderança Sénior, que regista os resultados mais otimistas (74%).

Estes resultados devem-se principalmente à disparidade existente no que toca ao alinhamento de valores, com a diferença no sentimento a atingir os 20 pontos percentuais, e ao significado e propósito, com os Trabalhadores de Primeira Linha e Blue-Collar a revelarem resultados 10 e 13 pontos inferiores aos das Lideranças Seniores, respetivamente. O mesmo cenário é observável no equilíbrio entre vida e trabalho, com os Trabalhadores de Primeira Linha com apenas 57% face aos 82% no caso das Lideranças Seniores. Ainda assim, são estas que apresentam os maiores níveis de stress diários, com 54%.

Os valores de Satisfação no Trabalho são próximos entre funções, mas ligeiramente mais elevados nas funções de gestão, liderança e White-Collar. Contudo, no que toca à probabilidade de se manterem na função atual, os Trabalhadores de Primeira Linha são os que manifestam maior probabilidade de o fazer voluntariamente nos próximos seis meses, ao contrário das Lideranças Seniores, que caem 12 pontos percentuais na satisfação com a função atual face ao ano passado.

Esta é também a função que sente maior confiança em encontrar um novo trabalho (73%), contrastando com os Trabalhadores de Primeira Linha (54%) e Blue-Collar (56%). Finalmente, e apesar de se observar uma evolução positiva no indicador de confiança na chefia direta, regista-se igualmente uma perceção mais pessimista por parte dos trabalhadores de Primeira Linha e Blue-Collar, com menos 25 e 24 pontos percentuais do que Lideranças Seniores, respetivamente, e 17 e 18 pontos abaixo da Gestão Intermédia.

Finalmente, no que toca ao Índice de Confiança, este é também significativamente mais alto nas funções White-Collar (80%), de gestão (83%) e de liderança (87%) do que nas funções de Primeira Linha (69%) e Blue-Collar (68%). Esta realidade é impulsionada pela disparidade ao nível das oportunidades de carreira e de desenvolvimento, principalmente notada entre as Lideranças e os Trabalhadores de Primeira Linha, com a diferença no sentimento a ultrapassar os 30 pontos percentuais. Também ao nível do acesso à tecnologia há maior otimismo nas posições de gestão (86%) e liderança (89%), com os trabalhadores Blue-Collar a apresentarem o sentimento mais conservador, mas ainda assim positivo, de 69%.

Este cenário de variabilidade no que toca aos setores e às funções de atividade sublinha a importância de desenvolver estratégias adaptadas às necessidades reais dos colaboradores, para que as empresas possam efetivamente garantir maior satisfação e fidelização das suas equipas.

O estudo Talent Barometer 2025 é uma ferramenta que mede o bem-estar e a satisfação profissional dos trabalhadores com base em 12 indicadores-chave, agrupados em três índices: Bem-Estar, Satisfação no Trabalho e Confiança. A pesquisa envolveu 13.771 trabalhadores a nível global, em 19 países, e os resultados completos podem ser consultados aqui.

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