Putin “cometeu erro grave” na relação com a China e não deve esperar que a tábua de salvação dure, garante analista

Sergey Radchenko, historiador da Guerra Fria da Universidade Johns Hopkins, destacou que Pequim tem por hábito instrumentalizar os seus parceiros

Francisco Laranjeira
Julho 26, 2023
12:39

A China tem sido o aliado mais poderoso da Rússia e os laços têm sido reforçados desde as vésperas da invasão da Ucrânia: no entanto, confiar demasiado nessa parceria pode significar problemas para Vladimir Putin no futuro. Segundo Sergey Radchenko, historiador da Guerra Fria da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e autor de um artigo na publicação ‘The New York Times’, “não é sensato” o presidente russo colocar todos os seus ovos numa cesta do tamanho da China.

Putin e o presidente chinês, Xi Jinping, não têm escondido a sua amizade “sem limites”, motivada em parte pelo desejo de restringir o poder americano – o líder chinês recusou-se criticar as ações da Rússia na Ucrânia e a China estabeleceu-se como parceiro comercial de referência de uma Rússia que foi isolada pelo Ocidente.

“A abordagem do Partido Comunista Chinês à geopolítica está enraizada numa antiga cultura estratégica de colocou outras nações umas contra as outras para o benefício da China”, escreveu Radchenko, citando o início dos anos 1970, quando o líder chinês Mao Zedong se aproximou dos Estados Unidos, “seu inimigo declarado”, conforme o seu país estava perto de um conflito com a União Soviética.

“A China continua a ser o mesmo Estado secreto e egoísta do Partido Comunista que era na época de Mao, com uma visão da política global na qual os alinhamentos são vistos como temporários”, referiu o autor, sublinhando que a Rússia tornou-se cada vez mais dependente da China – Putin “cometeu um erro potencialmente grave, queimando pontes com o Ocidente para apostar tudo na China, em desrespeito imprudente pelo histórico de Pequim de instrumentalizar as suas amizades”.

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