Professores de Filosofia pedem esclarecimentos ao Iave sobre falhas na correção digital dos exames

A Associação de Professores de Filosofia (APF) confirmou ter recebido, “informalmente”, relatos de dificuldades técnicas na plataforma de correção, bem como alterações imprevistas nos prazos.

Revista de Imprensa
Julho 31, 2025
11:00

A introdução da correção digital no exame nacional de Filosofia, realizada este ano como projeto-piloto pelo Ministério da Educação, suscitou críticas e preocupações por parte de alguns docentes. A Associação de Professores de Filosofia (APF) confirmou ter recebido, “informalmente”, relatos de dificuldades técnicas na plataforma de correção, bem como alterações imprevistas nos prazos. Apesar disso, a associação reconhece que outros corretores reportaram um processo “normal” ou com dificuldades resolvidas de forma célere. O apelo agora é claro: que o Instituto de Avaliação Educativa (Iave) faça uma análise detalhada dos erros reportados e proponha soluções para o futuro.

Segundo revela o Público, as dificuldades técnicas enfrentadas por professores classificadores incluíram problemas no acesso inicial à plataforma digital, provas que desapareceram do sistema e folhas digitalizadas com respostas ilegíveis, cortadas ou trocadas. Alguns docentes que partilharam os seus testemunhos com o Observador acusaram ainda o Iave de não ter respondido às suas dúvidas durante o processo. No entanto, o Ministério da Educação rejeitou qualquer falha de apoio, considerando que o balanço da iniciativa foi “muito positivo” e garantindo que, apesar da novidade, “as melhorias qualitativas necessárias” serão introduzidas no próximo ano.

A APF, embora não disponha de dados que permitam generalizar as falhas, aponta que a digitalização tem vantagens, como a organização das correções por itens, o que pode “aumentar a fiabilidade e equidade da correção”, facilitando ainda a intervenção de supervisores em casos de divergência entre classificadores. A associação sublinha, no entanto, a importância de distinguir entre falhas técnicas e procedimentais, alertando que as primeiras podem comprometer seriamente a justiça da avaliação. Por isso, exorta o Iave a apresentar respostas públicas, claras e eficazes para garantir a equidade na avaliação externa.

A digitalização da correção dos exames foi apresentada há cerca de um ano pelo secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, como uma medida que visa promover “maior justiça” no sistema de avaliação. Este ano, a iniciativa foi aplicada exclusivamente ao exame de Filosofia do 11.º ano, num sistema que distribui as provas digitalizadas por vários professores, com cada um a corrigir apenas determinados itens da prova, e não o exame completo. O modelo não será aplicado em disciplinas como Desenho A, em que a natureza das respostas exige análise integral da prova.

Em resposta às críticas, o Ministério da Educação reconheceu que, sendo um processo “inovador”, era expectável que surgissem dificuldades. Contudo, assegura que estas foram “prontamente resolvidas e esclarecidas pelo Júri Nacional de Exames (JNE) e pelo Iave”. A tutela sublinha que os professores tiveram acesso atempado à plataforma de classificação, bem como a manuais e documentos de apoio. O ministério afirma ainda que este sistema evita perdas de tempo, deslocações aos agrupamentos do JNE e facilita a especialização dos classificadores, o que contribuirá para uma aplicação mais consistente dos critérios.

Na 1.ª fase do exame de Filosofia foram realizadas 20.335 provas, tendo sido registados 380 pedidos de reapreciação — o que corresponde a 1,9% do total. Este valor está em linha com a média dos últimos anos, que ronda os 2%. Em 2024, tinham sido registados 245 pedidos em 14.368 provas (1,7%). Já a média nacional da classificação manteve-se estável: este ano, a nota média foi de 10,4 valores, apenas uma décima abaixo dos 10,5 valores registados no ano passado.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.