Presidente Raisi é enterrado hoje mas o mistério persiste: por que foi dada ‘luz verde’ à viagem com condições climatéricas tão adversas?

Para esta quarta-feira será realizado o funeral de Estado, com líderes de todo o mundo

Francisco Laranjeira
Maio 22, 2024
6:45

O Irão está a despedir-se do seu presidente, Ebrahim Raisi, com funerais em Tabriz e Teerão. O líder supremo Ali Khamenei decretou cinco dias de luto oficial e confirmou que o vice-presidente Mohamed Mokhber, de 69 anos, ocupará o lugar de Raisi até que sejam realizadas eleições dentro de 50 dias. Vinte e quatro horas depois do helicóptero presidencial ter caído nas montanhas perto da fronteira com o Azerbaijão, Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior, ordenou que “um comité de alto escalão iniciasse uma investigação sobre a causa da queda do helicóptero”.

Há muitas perguntas sem resposta, como por que a descolagem recebeu luz verde quando as condições climáticas eram tão adversas.

Em condições muito difíceis devido ao mau tempo, as equipas de resgate chegaram ao local do acidente e certificaram que não havia sobreviventes. Os nove ocupantes perderam a vida no acidente: a única forma de chegar ao local era a pé e por isso também transportaram os corpos montanha abaixo até um acampamento base de onde os falecidos foram transportados para Tabriz para realizarem autópsias.

Para esta quarta-feira será realizado o funeral de Estado, com líderes de todo o mundo.

Os media e os líderes iranianos têm-se referido a um “acidente”, sem ter sido apontada qualquer outra teoria. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, apontou o mau estado do parque aéreo iraniano. “Uma das causas deste doloroso incidente são os Estados Unidos, que ao sancionar a venda da indústria da aviação ao Irão causou o martírio do presidente e dos seus companheiros. O crime dos Estados Unidos ficará gravado nas mentes dos povo iraniano e na história”, indicou.

“O Irão não parece um país onde os presidentes morrem por acidente. Mas é também um país onde os aviões caem, devido ao lamentável estado das infraestruturas na República Islâmica, internacionalmente isolada. Nos últimos anos, pelo menos dois ministros e dois comandantes militares seniores morreram em acidentes semelhantes”, recorda o analista e escritor Arash Azizi à publicação ‘The Atlantic’.

O ativista iraniano radicado em Londres, Narinam Gharib, partilhou na rede social ‘X’ uma carta enviada por um alto funcionário do Governo à presidência a solicitar dinheiro para renovar os helicópteros usados ​​por Raisi. “Em 2023, foi enviada uma carta a Mokhber, primeiro vice-presidente do presidente Raisi, destacando a necessidade urgente de aquisição de dois helicópteros Mi-171A2 no valor de 32 milhões de dólares (cerca de 29,4 milhões de euros). A carta citava como principais motivos da aquisição a alta frequência dos voos do presidente Raisi e a necessidade de modernização da frota de helicópteros”, relata o ativista.

Ao assumir o cargo, Raisi prometeu visitar cada uma das 30 províncias pelo menos uma vez por ano e o ritmo das viagens domésticas era constante. O jornal ‘Hamshari’ revelou que o helicóptero em que o presidente morreu era um americano ‘Bell 212’, um helicóptero bimotor que foi adquirido na década de 1970.

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