O chefe do Estado Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, alertou este domingo, durante um discurso em Aveiro, para a necessidade de a Marinha estar preparada para a possibilidade de entrar em operações reais. Gouveia e Melo enfatizou a importância de elevar a prontidão das Forças Armadas diante do que o futuro reserva, incluindo a preparação de reservas materiais e humanas.
“Na perspetiva da Marinha, importa perceber que, pela primeira vez em muitos anos, a possibilidade de poder vir a entrar em operações reais é bastante considerada”, afirmou Gouveia e Melo, citado pelo Observador. O almirante salientou a urgência de acelerar a preparação dos navios, reforçar o treino e preparar as reservas, tanto materiais quanto humanas, para enfrentar tempos difíceis com elevada tensão e incerteza.
Apesar de não querer ser “pessimista ou alarmista”, Gouveia e Melo destacou a importância da dissuasão como estratégia primordial e a necessidade de reforçar o espírito anímico das tropas para cumprir com os deveres exigidos. “Tenho a certeza que a Marinha Portuguesa, essencialmente a sua componente humana, estará à altura dos acontecimentos”, destacou.
Gouveia e Melo também instou a sociedade a sair do “estado de comodismo e de indiferença” e a adotar uma atitude ativa e vigilante, apelando à implementação de um plano efetivo para defender os interesses do país e garantir a segurança europeia em face das crescentes provações e testes de stress.
Recorde-se que as declarações de Gouveia e Melo sobre o serviço militar obrigatório têm gerado debate público. Em março deste ano, num artigo de opinião no Expresso, defendeu que este tipo de recrutamento poderá ter de ser reequacionado. Em abril, explicou que “o modelo antigo [do Serviço Militar Obrigatório] é precisamente isso, o modelo antigo”, e destacou a necessidade de encontrar uma nova resposta discutida e aceite pelo poder político e pela população.
Durante o seu discurso em Aveiro, Gouveia e Melo reiterou as suas preocupações, salientando que é tempo de perceber que “não haverá manteiga nas nossas mesas sem canhões que as garantam”.














