Por sete euros: novas regras de entrada na UE provocam histeria nos EUA e Reino Unido

A partir de 2024, cerca de 1,4 mil milhões de pessoas, cidadãos de mais de 60 países, vão necessitar de autorização do Sistema Europeu de Informações e Autorização de Viagem (ETIAS) para entrar no espaço Schengen

Francisco Laranjeira
Agosto 3, 2023
7:45

Sete euros: a partir de 2024, cerca de 1,4 mil milhões de pessoas, cidadãos de mais de 60 países, vão necessitar de autorização do Sistema Europeu de Informações e Autorização de Viagem (ETIAS) para entrar no espaço Schengen.

A imposição já provocou a ira do antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Cidadãos americanos terão de pagar um visto para viajar para a Europa a partir de 2024. Pense bem. Nós damos-lhes tudo, inclusive proteção militar e comércio, e agora temos de pagar para ir para lá. Eles não respeitam os Estados Unidos. Como presidente, não vou permitir que isso aconteça. Vou parar com isso imediatamente”, garantiu, na sua rede social ‘Truth Social’: Washington, no entanto, ‘cobra’ 21 dólares (19,1 euros) para os visitantes europeus.

A nova exigência também vai afetar os cidadãos britânicos, exceto os perfis contemplados aquando do Brexit, o que já provocou críticas ferozes nos tabloides britânicos.

Para entrar no ETIAS, os candidatos devem incluir as informações usuais de nascimento, local de residência, idade e antecedentes criminais. Já para os Estados Unidos, é necessário fornecer histórico, empregador, pessoa de contato nos Estados Unidos ou informações de cartão de crédito. Além de responder a questões de elegibilidade, como doenças transmissíveis ou ex-deportações.

“Vejo isso como um exagero. É bastante orwelliano se se levar em conta a quantidade de informação que a UE está a pedir”, considerou Nile Gardiner, antigo conselheiro da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. “Temo que a UE use esse método para excluir pessoas dos Estados Unidos que não partilham de suas ideias políticas”, acrescentou.

Até agora, cidadãos de mais de 60 países podiam entrar nos países europeus durante 90 dias sem qualquer documento prévio. Além dos Estados Unidos e do Reino Unido, destacam-se a maioria dos estados latino-americanos como México, Colômbia, Argentina ou Venezuela, embora também se destaquem outros como Japão, Austrália ou Emirados Árabes Unidos.

O que muda em 2024? Todos terão de emitir um pedido de entrada através do serviço ETIAS, uma ferramenta que a Comissão Europeia apresentou em novembro de 2016 e que está em desenvolvimento e que visa reforçar os controlos de segurança e reduzir a burocracia nas recusas de acesso nas fronteiras, proteger a saúde pública e prevenir a imigração ilegal.

O documento nem é um visto convencional. “ETIAS não é visto. É um sistema simples, rápido e confortável para os visitantes. Em mais de 95% dos casos, levará a uma resposta positiva”, esclareceu o executivo comunitário, sendo que não será necessário ir aos consulados nem exigir dados biométricos. Quem o solicitar terá o documento à sua disposição em menos de 10 minutos, embora a aprovação possa ser prorrogada por quatro dias, mediante pagamento eletrónico de 7 euros, que será aplicado a todos os viajantes entre os 18 e os 70 anos.

O movimento é recíproco: os Estados Unidos aplicam-no a cerca de 40 países desde 2009 e a um custo multiplicado por três. Os viajantes isentos de visto que atravessem o oceano são obrigados a ter um ESTA, cujo processamento custa 21 dólares, quatro por pedido e 17 extra em caso de validação.

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