Varsóvia está a considerar a compra de cerca de 250 veículos blindados de combate Stryker, dos Estados Unidos, por um valor simbólico de apenas 1 dólar, no contexto de uma das maiores expansões do exército polaco das últimas décadas. A proposta surge à medida que Washington reestrutura e reduz a sua presença militar na Europa, libertando centenas destes veículos para transferência a aliados.
O ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, explicou que “os EUA propuseram entregar os veículos à Polónia em vez de os repatriar, o que representa uma oportunidade estratégica para reforçar rapidamente as nossas forças”. A proposta faz parte do programa de Artigos de Defesa Excedentes (EDA), que permite aos EUA cederem equipamentos militares excedentes a custo reduzido ou nulo.
O Ministério da Defesa da Polónia indicou que as Forças Armadas estão a inspecionar as condições técnicas dos Strykers e a avaliar a sua adequação para treino e uso operacional. As autoridades afirmam que a transferência não afetaria as aquisições já planeadas, mas permitiria repor equipamentos de forma mais rápida e económica.
Os veículos Stryker, de oito rodas, acomodam uma tripulação de dois militares e nove soldados de infantaria. Utilizados pelo Exército dos EUA há duas décadas, participaram em operações no Iraque e no Afeganistão. A sua força reside na mobilidade, design modular e capacidade de transporte rápido, incluindo transporte aéreo por aeronaves C-130, facilitando o deslocamento de tropas e equipamentos.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em 2022, centenas de Strykers foram fornecidos às forças ucranianas, sendo usados para transporte, reconhecimento e evacuação de feridos em combates intensos. A versão exata dos veículos a serem transferidos para a Polónia ainda não foi confirmada.
A proposta gerou debate entre especialistas militares polacos, que alertaram que a introdução dos Strykers, cujas capacidades se equiparam aos veículos KTO Rosomak de fabrico nacional, pode afetar o desenvolvimento da indústria de armamento interna. No entanto, a criação de duas novas divisões motorizadas no Exército local criou uma procura de veículos de combate que os atuais fornecedores nacionais não conseguem satisfazer.
Kosiniak-Kamysz destacou à ‘Polish Radio’ que “o exército polaco continua a crescer, novas unidades estão a ser formadas e o número de soldados aumenta, o que eleva a necessidade de equipamento e armamento”. O crescimento militar polaco ocorre num contexto de crescentes ameaças à segurança provenientes da Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia e devido à proximidade do enclave russo de Kaliningrado.
Varsóvia é o país da NATO que mais gasta em defesa em relação ao PIB, uma política que lhe tem valido elogios regulares de Washington. A eventual aquisição dos Strykers representaria um reforço significativo para a capacidade operacional das forças polacas, acelerando a modernização do Exército.
