O túmulo do ex-ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, foi encontrado profanado esta segunda-feira, segundo revelou a polícia da sua cidade natal, Offenburg.
A equipa do cemitério encontrou um buraco no túmulo do político quando chegaram para trabalhar – Schaeuble, que morreu em dezembro último, esteve entre os políticos mais influentes da Europa durante um quarto de século: substituído pela liderança conservadora por Angela Merkel, tornou-se famoso como um guardião feroz dos cordões à bolsa da Alemanha, que impôs condições rigorosas de resgate à Grécia durante a crise da dívida da zona euro.
“Uma pessoa desconhecida cavou um buraco em forma de funil com cerca de 1,2 metros de profundidade”, garante a polícia, em comunicado. “Mesmo assim, parece que eles não desceram até o caixão do falecido”, refere, salientando estar a investigar, embora sem indicações sobre o motivo.
Recorde-se houve um aumento de violência contra políticos alemães recentemente, conforme se aproxima a data das eleições para o Parlamento Europeu, no próximo mês.
Os incidentes aumentaram as tensões políticas na Alemanha.
Tanto o Governo como os partidos da oposição afirmam que os seus membros e apoiantes enfrentam uma onda de ataques físicos e verbais nos últimos meses e apelaram à polícia para reforçar a proteção dos políticos e a segurança nos comícios eleitorais.
Em fevereiro, o parlamento alemão afirmou num relatório que houve um total de 2.790 ataques a representantes eleitos em 2023.
Os representantes dos Verdes foram os mais afetados, com 1.219 casos, enquanto os do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) foram alvo de 478 ataques e o SPD de 420.
O vice-chanceler do país, Robert Habeck, que é membro dos Verdes, foi impedido, em janeiro, de desembarcar de um ‘ferry’ durante horas por um grupo de agricultores furiosos, e a vice-presidente do parlamento alemão, Katrin Goering-Eckardt, também dos Verdes, foi impedida de sair de um evento no estado de Brandemburgo na semana passada, quando uma multidão enfurecida bloqueou o seu carro.
A ministra do Interior, Nancy Faeser, defendeu, após uma reunião especial com os 16 ministros do Interior estaduais do país sobre a questão da violência realizada na terça-feira, um endurecimento da lei penal da Alemanha, a fim de “punir os atos antidemocráticos com mais severidade”.
Muitos dos incidentes aconteceram no antigo leste comunista do país, onde o Governo de Scholz é muito impopular.
O Ministério do Interior do estado da Saxónia disse ter registado, este ano, 112 crimes relacionados com as eleições, incluindo 30 contra funcionários ou representantes eleitos.
Um dos principais partidos da Alemanha, o AfD, tem ligações com grupos neonazis violentos que fomentam um clima político intimidador.
Um dos seus líderes, Bjoern Hoecke, está atualmente em julgamento por usar um ‘slogan’ nazi proibido.
A Alternativa para a Alemanha, que faz campanha contra a imigração e a integração europeia, tem aumentado intenções de voto nas sondagens europeias, bem como nas eleições na Saxónia e em dois outros estados da Alemanha oriental.
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