Parte do Reino Unido está a abrir fronteiras à UE: “séria diminuição da soberania”, acusam deputados britânicos

O Governo local está convencido que os ‘check points’ têm de ser cancelados: após trabalho conjunto com Londres, Madrid e Bruxelas, conceberam um sistema que abriria a fronteira de 1,2 quilómetros com Espanha, ligando-a efetivamente a toda a zona de circulação Schengen da UE

Francisco Laranjeira
Maio 21, 2024
12:16

Os controlos fronteiriços fazem parte da vida quotidiana em Gibraltar há muito tempo, o território ultramarino britânico situado no extremo sul de Espanha, para onde chegam diariamente 15 mil pessoas vindas da UE. No entanto, a saída da Grã-Bretanha da União Europeia causou problemas, com controlos mais onerosos e verificações de passaporte, o que tem provocado filas mais longas e incerteza para quem precisa de atravessar a fronteira.

O Governo local está convencido que os ‘check points’ têm de ser cancelados: após trabalho conjunto com Londres, Madrid e Bruxelas, conceberam um sistema que abriria a fronteira de 1,2 quilómetros com Espanha, ligando-a efetivamente a toda a zona de circulação Schengen da UE. A medida, de acordo com o jornal ‘POLITICO’, causou a fúria de alguns deputados conservadores em Londres, que simplesmente odeiam a ideia.

Isso mesmo transmitiram esta segunda-feira ao ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron: Bill Cash, presidente do Comité de Fiscalização Europeu do Parlamento britânico, acusou Cameron de “manter deliberadamente a nós e ao público” no escuro sobre partes das negociações. Os deputados conservadores estão mais irritados com a contrapartida da UE para uma fronteira aberta: transferir os controlos da fronteira Schengen da fronteira territorial com Espanha para o hall de chegadas do aeroporto de Gibraltar, onde os viajantes teriam de ser avaliados por funcionários da UE e locais.

Os deputados também estão preocupados com a possibilidade de Gibraltar ter de se alinhar com algumas regras do mercado único da UE como resultado da fronteira aberta, e estão indignados com a ideia de que isso pode significar um papel para o Tribunal de Justiça Europeu – que eles consideram como um “tribunal estrangeiro” sem nenhum interesse em se intrometer nos assuntos dos súbditos britânicos.

De acordo com Cash, o resultado das negociações “repercutirá daqui, para Belfast e para Stanley nas Malvinas”, criticando os planos “como uma séria diminuição da soberania do Reino Unido”.

De acordo com David Cameron, “estamos a tentar salvaguardar a soberania de Gibraltar, mas ao mesmo tempo estamos a tentar implementar o que o Governo de Gibraltar pretende, que é ter uma fronteira sem atritos com Espanha”, salienta. “Eles escolheram isso. Essa é a escolha deles como Governo de Gibraltar.”

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