Parlamento Europeu é alvo de buscas da polícia belga devido a possível “interferência russa”

As buscas foram realizadas numa residência privada em Bruxelas e nos escritórios do Parlamento Europeu em Estrasburgo e Bruxelas, no âmbito do chamado ‘caso Russiagate’

Francisco Laranjeira
Maio 29, 2024
12:33

A polícia belga realizou, esta quarta-feira, buscas no Parlamento Europeu devido a uma possível “interferência russa”, segundo apontou um comunicado do procurador federal da Bélgica.

As buscas foram realizadas numa residência privada em Bruxelas e nos escritórios do Parlamento Europeu em Estrasburgo e Bruxelas, no âmbito do chamado ‘caso Russiagate’, no qual há suspeitas de que eurodeputados foram abordados e pagos para promover a propaganda russa através do site ‘Voz da Europa’.

“Há indicações de que o funcionário do Parlamento Europeu em causa desempenhou um papel significativo nisto”, disseram as autoridades belgas.

“As buscas fazem parte de um caso de ingerência, corrupção passiva e participação numa organização criminosa e estão relacionadas com indícios de ingerência russa, em que deputados do Parlamento Europeu foram abordados e pagos para promover a propaganda russa através do sítio Web de notícias Voz da Europa”, referem os procuradores belgas.

De acordo com o jornal ‘POLITICO’, a polícia belga está a investigar as ligações de um assistente parlamentar que trabalhou para a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, e agora trabalha para o eurodeputado holandês de extrema-direita Marcel de Graaff.

A AfD tem sido assolada por uma série de escândalos nos últimos meses, culminando com a prisão, em abril, de um assessor do eurodeputado Maximilian Krah. As autoridades alemãs disseram que o assessor, identificado como Jian G., era “funcionário de um serviço secreto chinês”.

Recorde-se que esta segunda-feira A União Europeia (UE) impôs sanções a dois indivíduos e ao ‘site’ Voice of Europe, na sequência da promoção de ações de propaganda russa e da manipulação de factos para justificar e apoiar a ofensiva russa na Ucrânia.

Em comunicado, o Conselho da UE salientou que a propaganda em causa, dirigida à sociedade civil do bloco comunitário e dos países vizinhos, “tem visado repetida e sistematicamente os partidos políticos europeus, especialmente durante os períodos eleitorais, bem como a sociedade civil, os requerentes de asilo, as minorias étnicas russas, as minorias de género e o funcionamento das instituições democráticas na UE e nos seus Estados-membros”.

A entidade visada pela UE é o portal de notícias Voice of Europe (Voz da Europa, na tradução em português), um ‘media’ com contas em várias redes sociais e controlado por Moscovo que, segundo o bloco europeu, “envolveu-se numa campanha internacional sistemática de manipulação dos meios de comunicação social e de distorção dos factos para desestabilizar a Ucrânia, a UE e os seus Estados-membros” e difunde ativamente desinformação sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada em fevereiro de 2022.

As pessoas agora abrangidas pelas medidas sancionatórias de Bruxelas são Artem Marchevskyi, que desempenhou um papel chave na aquisição do ‘site’ Voice of Europe e suspeito de ser o líder de facto do ‘media’, e Viktor Medvedchuk, reconhecido por ser um elemento próximo do Presidente russo, Vladimir Putin, e que controlou alguns ‘media’ na Ucrânia usando-os para a disseminação de propaganda de Moscovo.

No total, as medidas restritivas adotadas pela UE contra quem enfraquece ou põe em risco a integridade territorial, a soberania e a independência da Ucrânia incluem já mais de 2.100 pessoas e entidades.

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