Os dois maiores grupos do Parlamento Europeu estão a planear ‘torpedear’ elementos-chave da próxima proposta de orçamento de sete anos de Bruxelas, num grande desafio ao plano de gastos de 1,8 triliões de euros da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
No que promete transformar-se num grande confronto, o conservador Partido Popular Europeu (PPE) e os Socialistas e Democratas de centro-esquerda estão a ameaçar pedir à Comissão que retire uma parte importante da sua proposta de orçamento de julho último. Esta última disputa ocorre após meses de desavenças entre Von der Leyen e o Parlamento, com a presidente a sobreviver a um voto de desconfiança em julho, sendo que enfrenta duas novas moções de desconfiança na próxima semana, às quais se espera que sobreviva.
“Estamos prontos para pedir à Comissão que retire a sua proposta atual e faça uma nova e melhor que reflita as nossas preocupações”, disseram os Socialistas e Democratas ao jornal ‘POLITICO’. “Tomámos a nossa decisão sobre o que estamos prontos para fazer com esta proposta.”
Ambos os principais partidos querem que Von der Leyen abandone o plano de agrupar fundos agrícolas e pagamentos regionais — que compõem mais da metade do orçamento — num único fundo administrado pelos Governos nacionais, garantindo que é uma cortina de fumo para cortar o financiamento aos agricultores, que são os principais apoiantes do PPE — embora a Comissão rejeite essa opinião.
É particularmente preocupante para Von der Leyen que o seu próprio partido, o EPP, esteja a insistir na ideia de descartar a proposta — uma posição confirmada por três deputados e um assessor que trabalham no dossier orçamentário.
“[A proposta de orçamento] é, antes de tudo, um problema no que diz respeito ao mercado interno, porque achamos que isso levaria a uma fragmentação do mercado agrícola dentro da UE”, disse o porta-voz do PPE, Daniel Köster.
Os socialistas também se opõem à proposta de orçamento porque argumentam que não está a ser dado dinheiro suficiente para projetos sociais.
A iniciativa do Parlamento pode atrapalhar as negociações sobre todo o orçamento de 2028-2034. Nesta fase, a Comissão pode teoricamente rejeitar os apelos do Parlamento — mas isso causaria problemas mais adiante, pois a aprovação dos eurodeputados é, em última análise, necessária para que o orçamento entre em vigor.












