O vice-presidente da Mota-Engil considera que os investimentos no Brasil são “o passo que faltava” para a empresa ser referência na lusofonia, em engenharia e construção, e após a concessão para construir o túnel submerso entre Santos e Guarujá.
“O Brasil é a afirmação da Mota-Engil em projetos críticos e de dimensão em engenharia; e é o último passo que nos faltava dar para nos tornarmos na grande empresa de referência na lusofonia, em termos de engenharia e construção”, disse Manuel António da Fonseca Vasconcelos da Mota, em entrevista à Lusa a partir de Angola.
Questionado sobre a importância da lusofonia para o grupo, Manuel Mota afirmou que “a lusofonia é prioritária”, recordando que a empresa começou a sua atividade em Angola em 1946.
Em Angola, atualmente, entre outros projetos, é líder do consórcio que, juntamente com a Trafigura e a Vecturis, assegura a gestão e operação da infraestrutura logística do Corredor do Lobito, que liga o porto da cidade angolana do Lobito a regiões ricas em minerais na República Democrática do Congo e Zâmbia.
O vice-presidente da Mota-Engil considerou que os últimos concursos que a empresa ganhou no Brasil – na Petrobras e agora o túnel de Santos, a infraestrutura mais cara do Governo brasileiro de Lula da Silva, – e os objetivos que tem para o Brasil irão permitir afirmarem-se como uma empresa líder na lusofonia, sublinhando que os países lusófonos são prioritários.
Sobre o túnel brasileiro de Santos, cidade onde se encontra o maior porto marítimo da América Latina, Manuel Mota, realçou também que “é uma obra que tem uma importância económica e social fundamental para o Brasil”.
A Mota-Engil, através da sua subsidiária Mota-Engil Latam Portugal, S.A., venceu, dia 05 de setembro, o leilão para atribuição da concessão do túnel submerso entre as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo, no Brasil e o contrato deverá ser assinado até ao final do ano, como a Lusa já noticiou.
Questionado sobre a vitória neste leilão, o vice-presidente da Mora Engil referiu dois pontos de diferenciação, que pesaram para ganhar à concorrente espanhola: “A nossa presença no mercado, dedicação e vontade neste projeto, que temos vindo a estudar há muitos anos, e a nossa competitividade neste concurso”.
Esta última, salientou, advém também da experiência do parceiro, a chinesa CCCC, neste tipo de obras: “Nenhuma empresa tem mais quilómetros de túnel submerso, da tecnologia que está proposta, a nível mundial e isso naturalmente também ajudou”, referiu.
Este ano, a Mota-Engil tinha já reforçado a aposta no Brasil com a aquisição da participação do sócio na empresa ECB – Empresa Construtora Brasil-, que passou neste primeiro semestre a ser 100% detida pela Mota-Engil, e procura agora novos projetos também noutros países lusófonos.
Na história da empresa portuguesa, e no espaço lusófono, depois de Angola seguiram-se investimentos em Moçambique, que começaram em 1991, e no Brasil, em 2009, onde entrou, primeiro no setor das concessões e a partir de 2012 no setor da construção.
Em Cabo Verde, iniciou o percurso em 1995 com o projeto do aeroporto internacional e em São Tomé executaram um projeto hoteleiro na ilha do Príncipe.
Atualmente marcam presença em Angola, Moçambique e Brasil, país onde venceram o mais recente leilão.
Como informou em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a concessão ganha envolve investimento que “ascenderá a cerca de 8,0 biliões de reais, equivalente a 1,255 mil milhões de euros, dos quais até 5,8 biliões de reais virão de aportes públicos divididos igualmente entre o governo de São Paulo e o governo federal, sendo o restante da responsabilidade da empresa concessionária, terá a duração de 30 anos”.
O túnel de 1,5 quilómetros de extensão, dos quais 870 submersos num canal oceânico de acesso ao maior porto do Brasil, ligará a cidade portuária de Santos à turística Guarujá e terá faixas para automóveis, camiões e autocarros, bem como para um elétrico e espaço para peões e ciclistas.
A construção permitirá que os automóveis reduzam para apenas cinco minutos uma travessia que atualmente dura uma hora por uma estrada de 43 quilómetros ou 18 minutos de navegação em ‘ferry’.














