Orçamento do Estado fora da agenda: PS e Governo só retomam negociações em setembro

O encontro entre o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que decorreu na terça-feira em São Bent, terminou sem avanços concretos nas negociações sobre o próximo Orçamento do Estado.

Revista de Imprensa
Julho 31, 2025
10:38

O encontro entre o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que decorreu na terça-feira em São Bent, terminou sem avanços concretos nas negociações sobre o próximo Orçamento do Estado. A reunião, que durou mais de duas horas, permitiu estreitar relações institucionais entre os dois líderes, mas afastou, para já, qualquer entendimento político ou acordos imediatos. Segundo apurou o Diário de Notícias, o encontro foi solicitado por Carneiro e decorreu num clima de cordialidade, com a promessa de retomar o diálogo em setembro, segundo adianta o Diário de Notícias.

À saída da reunião, José Luís Carneiro classificou o encontro como “muito construtivo” e salientou que existe “um princípio de acordo para os diálogos futuros”. Contudo, recusou comprometer-se com qualquer entendimento com o Governo, mantendo em aberto o posicionamento do PS nas matérias essenciais. “Voltámos a reiterar a vontade de manter este diálogo, muito particularmente para setembro, em que teremos de abordar algumas destas matérias e outras que, entretanto, virão a estar no centro das nossas preocupações políticas”, afirmou o líder socialista, sem dar sinais de um apoio claro ao Executivo de Montenegro.

Carneiro deixou claro que o PS, terceira força nas Legislativas de 2025, não aceita um papel secundário face ao Chega nas negociações parlamentares. “Foi transmitido ao sr. primeiro-ministro que, se quer diálogo com o PS, é com o PS que deve dialogar. O PS não é um partido qualquer. É um partido que, desde a clandestinidade, lutou pelas liberdades, direitos e garantias fundamentais”, sublinhou, apelando a um “respeito institucional” que permita construir “consensos democráticos” em áreas como Política Externa, Defesa, Segurança Interna, Justiça e reforma do Estado.

Entre os temas discutidos, a imigração foi um dos pontos mais sensíveis. José Luís Carneiro manifestou preocupação com a celeridade do Governo em avançar com alterações legislativas. “A Lei da Nacionalidade foi adiada para setembro. É uma matéria de primeira importância para a forma como Portugal concebe a sua relação com o mundo, como se conserva enquanto país aberto, tolerante, compreensivo e integrador”, declarou. O socialista defendeu que quaisquer alterações legislativas devem respeitar os compromissos históricos e diplomáticos de Portugal, nomeadamente com os países africanos de língua oficial portuguesa.

A habitação, a saúde e o mercado de trabalho foram outras áreas onde José Luís Carneiro deixou críticas à atuação do Governo. O dirigente socialista alertou para “a precariedade nos mais jovens” e lamentou a proposta do Executivo de prolongar a duração de contratos a prazo. “Temos de aguardar por aquilo que vai acontecer em sede de concertação social, mas pudemos dar conta da nossa preocupação”, afirmou, acrescentando ainda que a legislação de 2021 sobre alojamento de emergência deve ser reforçada com financiamento adequado, sobretudo face a situações críticas como as verificadas recentemente na Área Metropolitana de Lisboa.

A área da Defesa também foi abordada na reunião. Segundo Carneiro, o Governo comprometeu-se a dialogar com os partidos parlamentares, em especial com o PS, sobre a forma como Portugal cumprirá a meta de 2% de investimento na área, exigida no contexto da NATO. “É importante que esse investimento contribua também para o desenvolvimento da economia nacional, para a modernização do nosso tecido científico e para a criação de emprego qualificado”, defendeu. Luís Montenegro deverá levar algumas destas preocupações socialistas à reunião do Conselho de Ministros marcada para esta quinta-feira.

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