Quem vai liderar a revolução da IA na sua empresa?
Por Gabriel Augusto, diretor da FLAG
A Inteligência Artificial deixou há muito de ser apenas um tema reservado às reuniões técnicas ou algo que só interessa a quem domina códigos e algoritmos. Hoje, é uma realidade que influencia diretamente a estratégia das organizações e, sobretudo, desafia as competências humanas dos nossos líderes. Muitos executivos portugueses ainda encaram esta tecnologia como uma questão exclusivamente técnica, quando o verdadeiro desafio é profundamente humano, estratégico e cultural.
É comum vermos empresas a investir fortemente em soluções tecnológicas avançadas sem que exista um alinhamento claro com os seus objetivos estratégicos. Não basta ter a melhor ferramenta se não se souber exatamente onde e como aplicá-la. Esta falta de alinhamento gera desperdício de recursos e desapontamento com os resultados obtidos. A IA não é um objetivo por si mesma, é antes um meio poderoso para alcançar objetivos empresariais concretos, sejam eles melhorar a experiência do cliente, aumentar a eficiência operacional ou acelerar processos de inovação.
Além disso, a ideia de que a Inteligência Artificial é apenas uma solução para grandes organizações é um mito perigoso. Empresas pequenas e médias têm igualmente à sua disposição ferramentas capazes de transformar o seu desempenho e competitividade. A verdadeira barreira não é tecnológica, mas sim a ausência de líderes capazes de integrar estas tecnologias no tecido cultural e estratégico das suas equipas. A dimensão não limita a adoção da IA, o que limita são mentalidades ultrapassadas ou estratégias mal definidas.
Outro ponto essencial é reconhecer que implementar IA é, sobretudo, gerir mudança. Não falamos apenas de introduzir tecnologia, mas de modificar práticas, alterar hábitos instalados e ultrapassar resistências naturais dentro das equipas. É necessária uma liderança forte, informada e envolvida para orientar as pessoas durante este processo. Os líderes precisam de competências comunicacionais sólidas, capacidade de adaptação e uma clara visão estratégica para que as pessoas compreendam o valor real que a IA lhes traz e estejam dispostas a acompanhá-los nesta jornada.
A falta desta preparação resulta frequentemente em projetos promissores que nunca saem do papel ou que falham em alcançar o seu potencial. Investir apenas em tecnologia sem preparar adequadamente as pessoas é como ter um carro potente sem saber conduzi-lo: parece impressionante, mas dificilmente chegaremos onde queremos ir.
A competitividade de Portugal depende diretamente da rapidez e eficácia com que as empresas nacionais abraçam esta mudança estratégica. Não é suficiente delegar este tema ao departamento de TI e esperar resultados. É imperativo capacitar os executivos portugueses para liderarem com segurança esta transformação. Precisamos de líderes que entendam claramente que o futuro das suas organizações passa por dominar não apenas as ferramentas, mas também a estratégia, a cultura e a gestão eficaz das pessoas nesta nova era digital.
As organizações que conseguirem compreender e aplicar esta realidade terão uma vantagem clara no mercado. Quem não o fizer corre o risco de ficar irremediavelmente para trás. Chegou a hora de os líderes portugueses assumirem o protagonismo, investindo na sua própria capacitação estratégica e garantindo que as suas equipas estejam preparadas para esta nova era.
Será que estamos realmente prontos para liderar esta mudança?