E agora… Inovação ou Eficiência? Ambas
Por Dulce Mota, Administradora da REN
A prioridade entre eficiência e inovação na gestão está muito relacionada com o momento e a estratégia das organizações e empresas.
A opção estratégica da eficiência conduz a um foco na otimização dos recursos, reduzindo custos e melhorando substancialmente os processos existentes. Nos últimos anos, a digitalização tem sido o instrumento mais utilizado para atingir este objetivo o que permitiu agilizar e simplificar a maioria dos processos o que se traduziu ainda em melhores experiências para os clientes.
Normalmente estratégias centradas na eficiência associam-se a empresas mais maduras que procuram estabilidade.
Quando a estratégia tem uma forte componente de Inovação , isso significa que os objetivos estratégicos apontam para o crescimento , para a diferenciação no mercado ou ainda para uma adaptação a mudanças rápidas, essencial em ambientes competitivos ou em transformação tecnológica (indústria automóvel e.g.).
Gestores eficazes costumam equilibrar o investimento nas duas estratégias promovendo uma eficiência que liberta recursos para inovar e uma inovação que se transforma em processos eficientes a médio/longo prazo.
Demonstra se que o investimento em inovação se traduz em crescimento nos resultados e melhor compromisso com todos os stakeholders, nomeadamente os colaboradores.
O relatório Draghi aponta para uma necessidade urgente de a UE apostar decisivamente na Inovação para poder acompanhar o ritmo dos concorrentes com os EUA e a China.
Parece-nos necessária a reformulação de todo o ecossistema de inovação com foco em investimentos públicos , em tecnologias discutíveis e maior colaboração entre Universidades e Indústria.
A Europa apontou ainda a necessidade de apoiar as start ups e definiu a necessidade de um investimento médio anual de 800 mil milhões para este desígnio, com forte enfoque na descarbonização, infra-estruturas digitais e segurança.
Desta forma, teremos uma Europa mais competitiva e capaz de garantir prosperidade num mundo em rápida mudança.
Sinal de que nos últimos anos a Europa tem perdido terreno e o facto de que nenhuma empresa europeia conseguiu, nos últimos 50 anos, uma capitalização superior a 100 mil milhões. Em contrapartida os EUA conseguiram 6 empresas.
E em Portugal, como estamos neste fator?
Portugal tem enfrentado desafios significativos no domínio da Inovação como motor para o crescimento económico e para a melhoria da produtividade. Mostramos que falhamos na primeira revolução digital e temos lacunas na escalabilidade de novas empresas tecnológicas.
Este problema é agravado pelo facto de termos uma estrutura empresarial de pequenas e micro empresas ( 94% são micro ) onde existe uma baixíssima intensidade de investimento em ID , pra além de uma deficiente articulação entre PMEs , grandes empresas e Universidades.
Dou nota apenas de um indicador muito revelador ( despesa em inovação por colaborador ) que nos diz que em 2024 esse valor era em Portugal de 36,4 o que compara com uma média na UE de 113,5!
Não há dúvida que as empresas devem encontrar um ponto de equilíbrio entre eficiência e inovação para garantir a sua sustentabilidade mas que em Portugal há que , melhorando o mix do tecido empresarial, investir fortemente em Inovação para garantir o crescimento económico desejável.
Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 230 de Maio de 2025