O segredo da Amazon

Por Manuel Falcão, director-geral da Nova Expressão – Planeamento de Media e Publicidade

A Amazon ganhou fama e conquistou clientes com o seu serviço de vendas. Primeiro livros, depois discos, hoje em dia praticamente tudo, incluindo produtos alimentares frescos. O conceito também evoluiu – e inclui agora lojas físicas para além da gigantesca loja online.

Em função disto os resultados melhoraram: a Amazon atingiu uma receita de 52,9 mil milhões de dólares, no segundo trimestre deste ano, um aumento de 39% em relação ao período homólogo do ano passado. Os lucros atingiram um valor recorde de 2,5 mil milhões de dólares, impulsionados, sobretudo, pelos negócios de publicidade e cloud. As receitas do serviço Amazon Web Services cresceram 49% para mais de 6 mil milhões de dólares. A Amazon continua a liderar na cloud (33% quota de mercado) apesar da concorrência da Microsoft e da Google (com 13% e 6% de quota de mercado, respectivamente). Este segmento de negócio teve um resultado líquido de 1,6 mil milhões, ou seja, 55% do lucro total.

O grande destaque vai para o crescimento de 132% do negócio de publicidade, cuja receita atingiu 2,2 mil milhões de dólares e contribuiu de forma decisiva para o aumento dos lucros da empresa. Por causa disso a Amazon está a desenvolver uma nova plataforma que visa facilitar a colocação de publicidade no seu site, independentemente da forma como os produtos anunciados são vendidos. Isto vai simplificar a vida de quem quer anunciar na Amazon já que na realidade todos os produtos e marcas à venda são potenciais anunciantes. Muitas pessoas utilizam a Amazon como um autêntico motor de busca quando querem descobrir um produto. Com base nas informações recolhidas sobre os gostos e preferências dos utilizadores, a Amazon coloca publicidade que lhes é especialmente dirigida. Para os anunciantes a vantagem é clara: podem fazer publicidade no ponto de venda e no momento da decisão e com as mudanças que estão a ser introduzidas o crescimento das receitas de publicidade ainda vai ser maior. A utilização da cloud e as receitas de publicidade são os sectores mais lucrativos, mas a existência de um inventário enorme é fundamental para continuar a alimentar a base de dados e para saber tudo sobre os clientes. Este é o segredo da Amazon para continuar a ter lucro.

A Google está a negociar com a China

O Governo Chinês é particularmente cioso do controlo que exerce sobre a internet e a Google não funciona nesse país. Tudo indica que a Google está a trabalhar com as autoridades chinesas numa versão limitada que possa ser aceite. O assunto está a levantar polémica no senado norte-americano onde representantes dos republicanos e dos democratas criticaram a Alphabet, a casa-mãe da Google, acusando o gigante tecnológico de ter cedido e estar a desenvolver uma versão censurada do seu motor de busca por forma a agradar aos governantes chineses. O assunto promete dar pano para mangas: o mercado chinês é apetecível, tem um número gigantesco de potenciais utilizadores e lá só existe o motor de busca Baidu. A possibilidade de o Google ser autorizado na China é crucial para o seu negócio de publicidade.

Como vai ser o futuro da publicidade na TV?

As tecnologias digitais estão a um passo de transformarem de forma assinalável a forma como se planeia e controla a publicidade na televisão.

No centro das transformações está a utilização de inteligência artificial e da capacidade de as máquinas desenvolverem elas próprias conhecimento – machine learning. Serviços de streaming como o Netflix ou o YouTube já utilizam algoritmos de inteligência artificial e de machine learning para identificar qual o melhor conteúdo a propôr aos seus utilizadores e assinantes. E daqui a muito pouco tempo os canais tradicionais de televisão vão começar a explorar soluções deste género para poderem proporcionar aos anunciantes uma experiência de contacto próximo com os consumidores garantido que a publicidade das marcas e produtos chegará efectivamente a quem é potencial cliente, de forma muito precisa. Cada vez mais o futuro da televisão passa por conteúdos adequados a cada espectador, experiências personalizadas e mensagens publicitárias bem colocadas. O futuro está na próxima esquina.

Este artigo foi publicado na edição de Agosto de 2018 da Executive Digest.

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