O “low cost” e a boa qualidade podem andar de mãos dadas
Por Eunice Rodrigues, Regional Manager da Zeeman Portugal
Há muito tempo que o conceito de ‘low cost’ tem levantado questões sobre a qualidade dos produtos – uma perceção ainda demasiado comum, mas que está longe de refletir a realidade atual. De facto, no contexto económico e social em que vivemos hoje já é possível oferecer produtos acessíveis e de qualidade, e isso deve-se sobretudo à evolução das cadeias de produção, à inovação no setor têxtil e à consciência crescente dos consumidores.
Por que é qe os preços baixos levantam questões quanto à qualidade?
O facto de associarmos o conceito de ‘low cost’ a produtos de baixa qualidade está muito relacionado com o boom inicial de marcas e lojas que privilegiavam o preço em detrimento da qualidade. O estigma foi-se cimentando ao longo do tempo, porque de facto os produtos não resistiam à utilização prolongada, e o primeiro momento de felicidade por comprar mais barato extinguia-se rapidamente, levando a uma experiência de consumo dececionante. Contudo, o mercado mudou, e as empresas têm de perceber que agora os consumidores deixaram de querer fazer concessões tão extremas. Hoje, a prioridade é o equilíbrio: obter valor pelo dinheiro investido.
Os consumidores perguntam-se muitas vezes se preços baixos siginificam pôr a qualidade em causa, e na Zeeman esforçamo-nos por mostrar que é possível oferecer produtos acessíveis e de qualidade, e isso passa – para qualquer marca – por manter os processos simples e eficientes. As empresas que optam por processos otimizados conseguem reduzir custos sem comprometer o produto final; por exemplo, a eliminação de intermediários e a produção em larga escala permitem diminuir os preços unitários. Para além disso, o investimento em materiais sustentáveis e técnicas modernas de produção ajudam a garantir durabilidade e conforto.
É também comum pensar-se que apenas as marcas mais caras oferecem qualidade superior. No entanto, tecidos simples mas bem selecionados, cortes funcionais e um controlo rigoroso da produção têm demonstrado que é possível ter boas roupas a preços acessíveis. O segredo está na simplificada: em como se aplicam os recursos, não necessariamente em quanto se gasta para produzir.
A simplicidade como vantagem competitiva
Outro fator indispensável para o fim da associação entre ‘low cost’ e baixa qualidade é a sustentabilidade. Num mundo cada vez mais preocupado com o impacto ambiental das marcas, algumas têm provado que é possível produzir de forma responsável sem inflacionar os preços. Matérias-primas recicladas ou provenientes de fontes sustentáveis, assim como práticas de produção eficientes em termos energéticos, estão a redefinir o mercado.
Já para o consumidor, a sustentabilidade é cada vez mais um fator decisivo no processo de compra. Os consumidores de hoje não são os mesmos de há 20 anos. Hoje em dia investigam, leem reviews, procuram transparência e questionam as marcas sobre a origem e o processo de fabrico dos produtos. As gerações mais jovens, em particular, valorizam marcas que adotam práticas responsáveis, e não só por uma questão ética, mas para poderem alinhar os hábitos de consumo com os seus valores pessoais. Por isso, naturalmente confiam mais nas marcas que demonstram um equilíbrio claro entre acessibilidade e responsabilidade.
O futuro ‘low cost’ é promissor
O futuro do conceito de ‘low cost’ deverá, então, passar por uma dissociação definitiva da ideia de baixa qualidade. Isto é especialmente relevante em Portugal, num momento em que a inflação pressiona as famílias a procurarem alternativas económicas sem comprometerem o bem-estar e o conforto.
As marcas que conseguirem oferecer este equilíbrio vão prospera – porque, no final de contas, a qualidade não é uma questão de preço, mas de compromisso. É isso que os consumidores procuram: um compromisso real com o seu poder de compra e, acima de tudo, com a sua confiança.
Tendo em conta que todas estas mudanças estão a acontecer tão rapidamente, esperamos que muito em breve os clientes olhem para os preços baixos como uma escolha inteligente e conscienete, impulsionada pelo valor que vão receber, e não apenas por vontade de economizar. Assim, o ‘low cost’ deixará de ser visto como uma escolha de recurso. A verdadeira revolução não está em pagar menos, mas em pagar um valor justo por artigos que valham a pena.