O futuro do e-commerce já chegou: 10 tendências que estão a reescrever as regras do consumo no digital
Por Francisco Rodrigues, CEO da Bloop
Nos últimos anos, o e-commerce deixou de ser um canal para se tornar num ecossistema em constante transformação. Plataformas, marcas e utilizadores já não compram e vendem apenas. Eles passaram a criar, a expressar as suas opiniões e a recomendar, redefinindo o significado do consumo.
Enquanto fundador de uma plataforma de compras sociais, aprendi que o comércio digital é muito mais profundo do que parece. Em 2025, estas são algumas das principais tendências que assinalam a sua evolução.
A influência da Inteligência Artificial
A inteligência artificial já não se limita a personalizar — ela digere. O verdadeiro ponto de viragem não está apenas nas recomendações ou campanhas segmentadas (que os cookies e algoritmos já permitiam), mas na capacidade da IA agir: comparar, selecionar e até comprar por nós. Este novo modelo, muitas vezes chamado de modelo digestivo, transforma radicalmente o papel do consumidor, que passa de agente ativo a decisor assistido por sistemas inteligentes. A experiência deixa de ser apenas personalizada — é automatizada, proativa e continuamente otimizada. Neste novo paradigma, as marcas que souberem integrar estas capacidades com ética, transparência e utilidade real estarão na linha da frente da confiança e da relevância.
Social commerce
As redes sociais estão a transformar-se em modelos híbridos de redes sociais e e-commerce permitindo alavancar o poder das recomendações de clientes. Neste sentido, a Statista adianta que o comércio social deverá ultrapassar os 2.9 mil milhões de dólares até 2026.
Omnichannel é uma realidade
A linha que separa o físico do digital é cada vez mais ténue. Compramos online, levantamos na loja, devolvemos sem sair de casa ou recebemos sugestões personalizadas com base no nosso comportamento em qualquer canal. Neste cenário, o omnichannel assume um papel central, ao garantir uma experiência de compra integrada e sem interrupções. Ao unificar lojas físicas, e-commerce, redes sociais e logística, permite que o consumidor transite de forma fluida entre canais, sem perder consistência na experiência. A experiência deve ser, por isso, cada vez mais coerente, flexível e verdadeiramente centrada no utilizador.
Novos métodos de pagamento
A flexibilidade já não é um diferencial, mas sim uma exigência do consumidor. Soluções como o “buy now, pay later”, carteiras digitais e até criptomoedas em nichos específicos estão a reformular por completo a forma como vemos as transações, tornando-as mais acessíveis, rápidas e adaptadas às preferências individuais.
Sustentabilidade e rastreabilidade
A consciência ambiental é uma verdadeira força de mudança. A Capgemini revela num dos seus estudos que 41% dos consumidores preferem marcas com práticas sustentáveis, mesmo que tenham de pagar mais por elas. A transparência da informação sobre a origem, os materiais e a logística converteram-se num fator decisivo.
Suporte ao cliente mais automatizado, mas humano
Chatbots avançados e assistentes virtuais estão a evoluir de simples ferramentas de resolução de dúvidas para elementos centrais na fidelização de clientes. O desafio é automatizar processos sem perder o toque humano, garantindo interações eficientes e personalizadas.
O novo reinado dos dados
As novas regulamentações para a eliminação progressiva dos cookies de terceiros impulsionaram avanços na recolha de dados de forma ética e consentida. Estratégias bem concebidas, como a obtenção de autorizações claras e a gestão cuidada de consentimentos, permitem às marcas construir relacionamentos mais sólidos e baseados na confiança.
Democratização do poder de influência
Atualmente, o mais importante não é ter milhões de seguidores, é construir confiança. Num estudo recente, a Capgemini refere que a maioria dos social buyers (70%) procuram conselhos de criadores de conteúdo, contra 50% no ano anterior. A influência tornou-se descentralizada, e qualquer utilizador tem agora poder para recomendar, inspirar e gerar impacto.
Comprar e avaliar no mesmo espaço
As novas gerações procuram plataformas onde possam descobrir produtos, comprar e deixar a sua opinião sem que para tal tenham de mudar de ambiente. Trata-se de integrar o transacional com o emocional, e o funcional com o social.
Comércio eletrónico como experiência e não como canal
Tecnologia, comunidade e propósito conjugam-se para abrir caminho a uma nova forma de consumir. Mais inteligente, mais humana, conectada e exigente.
Aqueles que souberem ouvir, adaptar-se e construir a partir da comunidade serão os que liderarão o futuro do comércio digital.