Liderar: Quem disse que era fácil?
Por Esther Marijuan, Regional Director of Sales do Grupo United Investements Portugal
Ser mulher numa posição de liderança é complexo. É poderoso, gratificante, desafiador e, às vezes, frustrante. Em muitas situações, as mulheres ainda precisam de trabalhar o dobro para serem vistas como igualmente capazes. Somos tão fortes, estratégicas e orientadas para os resultados como os homens, no entanto temos uma densidade emocional que eles não têm – o que pode ser tanto uma força, como uma fraqueza.
Manter a calma nem sempre é algo natural para mim porque sinto as coisas profundamente. No entanto, esta característica tem-me ajudado muito na conexão com as pessoas. Consigo reconhecer e a antecipar os seus problemas.
Liderança não tem nada a ver com controlo, mas com clareza, consistência e conexão. Um bom líder não precisa saber tudo, precisa de saber criar espaço para que o sucesso esteja ao alcance de todos. Para isso, dou às minhas equipas liberdade, responsabilidade e as ferramentas certas para que entreguem resultados. Celebro todas as vitórias, sejam grandes ou pequenas – todas elas importam. Acredito numa liderança firme, como acredito que o respeito se conquista todos os dias com justiça e honestidade. Os bons lideres são aqueles que inspiram as equipas e conseguem aproveitar o melhor de cada pessoa – não faz sentido obrigar alguém a encaixar-se num molde pré-definido.
O trabalho de um bom líder é, de certa forma invisível. Nem sempre o vemos, mas está lá sempre – na forma como as equipas colaboram, como os clientes respondem, como os desafios são ultrapassados. Quando um líder sabe ser líder, tudo à sua volta se move com harmonia, confiança e impulso. E isto, em última análise, é o que faz uma empresa prosperar.
Lembro-me dos meus chefes – aqueles me inspiraram a ir mais longe e os outros, que me fizeram querer ser melhor do que eles. Todos eles me ajudaram a crescer.
Comecei a minha carreira no estrangeiro, por isso trabalhar com diferentes culturas é algo natural para mim. Mas isso não torna o desafio menor. Cada cultura é uma cultura. O segredo está no equilíbrio, em compreender as expectativas locais, sem perder o panorama global. Quando tudo se encaixa, além de liderarmos equipas, construímos verdadeiras comunidades além-fronteiras. É mágico.
Quero ser a melhor em tudo — sempre quis. Portanto, sim, quero estar presente em todas as decisões importantes, todas as oportunidades, todas as reuniões. Também não quero perder um único momento com o meu filho. A verdade é que nem sempre conseguimos chegar a todo o lado ou ter o melhor dos dois mundos, mas continuo a fazer por isso. Dou o meu melhor todos os dias, com muito planeamento e prioridades bem definidas. Não finjo, nem digo que é fácil.
Quero ser a número um em casa e no trabalho e persigo este objetivo de alma e coração. Não tenho vergonha de o dizer porque sei que estou a dar o exemplo ao meu filho, mostrando-lhe como é quando amamos o que fazemos.
Liderar é também dar o exemplo. Ao longo destes anos todos, também descobri que nem todas as mulheres se apoiam mutuamente. E deviam. Liderar não é competir. Há espaço suficiente no topo para todas nós.