Uma questão de Cultura ou Mentalidades
Por Ricardo Florêncio
Portugal é um País fantástico. O mais curioso é que são mais os estrangeiros que assim o categorizam do que os portugueses. Portugal é efetivamente um País que reúne todas as condições para ser um Pais de sucesso, e um exemplo. E então qual a razão, os motivos, que levam a que Portugal caia cada vez mais nos rankings da riqueza criada, no PIB per capita, com crescimentos muito ténues ao longo das últimas décadas, quando comparado com os outros países europeus? Um baixo índice de produtividade, uma elevada carga fiscal, muita burocracia, o sistema empresarial com elevado predomínio das pequenas empresas… talvez um pouco de tudo. Mas penso que há um outro tema que porventura será dos mais difíceis de alterar no curto prazo. A cultura vigente em Portugal ao nível de mentalidades. Não somos um povo, na sua maioria, ambicioso. Não somos exigentes. Não cultivamos o sucesso. Aliás, até apresentamos sinais de alguma resistência e crítica ao sucesso. Quando algo, ou alguém tem sucesso, as primeiras reações não são de enaltecer o facto, regozijarmo-nos, elogiarmos, até ficarmos envaidecidos como povo se esse reconhecimento é internacional. Pelo contrário. Parece que temos alguma vergonha de nos elogiarmos. De afirmar o que temos de bom. Parece que nos contentamos com o “poucochinho”, que não desejamos ser grandes. E temos todos os motivos para isso. Reunimos todas as qualidades e características para tal. E o que é estranho, pois a nossa história, a riqueza da nossa história, já nos elevou para outros patamares.
Este seria um dos grandes desafios que nos devíamos colocar a nós próprios em 2023. Voltarmos, como um todo, como um povo, a ter vontade de sermos grandes. Voltarmos a ter a ambição e enaltecer Portugal e o ser português.
Editorial publicado na revista Executive Digest nº 201 de Dezembro de 2022