Quais os reais efeitos do Plano Draghi?
Ricardo Florêncio
Director da revista Executive Digest
Editorial publicado na edição de Fevereiro de 2015 da revista Executive Digest
E passado mais um mês, este alvoroço não acalmou. Muito pelo contrário. E é nestas alturas que mais se constata os reais efeitos da globalidade da economia.
A hecatombe do preço do petróleo, se por um lado veio animar a nossa economia, ainda que atenuado com a valorização do dólar face ao euro, veio desgastar um conjunto de economias com alta influência na nossa economia, nas nossas empresas, como é o caso de Angola. Contudo, a questão do preço do petróleo ultrapassada claramente a visão economicista da situação, pois é uma questão muito mais de geopolítica, com um dos epicentros na Ucrânia, e em todos os equilíbrios entre a Rússia e os países ocidentais. E é óbvio que essas situações têm também as suas repercussões na Europa e consecutivamente em Portugal.
Depois há toda a situação que a Grécia vive. E mais uma vez é óbvio que todas as decisões que vierem a ser tomadas pela União Europeia, pelo Banco Central Europeu, em relação às propostas do novo governo grego, sejam elas quais forem, vão ter uma decisiva importância no nosso futuro.
Contudo, é em meados de Janeiro, que surge a decisão do Banco Central Europeu que terá, ou poderá ter, uns efeitos mais imediatos na nossa economia. É já em Março, que o BCE vai injectar na economia europeia, 60 mil milhões de euros por mês, num total de 1,14 biliões de euros, ou conforme o seu presidente Mário Draghi disse, “enquanto for necessário”. Surge agora a questão base para todos nós: este dinheiro, agora injectado vai chegar à economia? Vai chegar às empresas? De que forma? Estarão os bancos interessados em emprestar mais dinheiro às empresas? Em que condições? E estarão interessadas as empresas em endividarem-se ainda mais? Com que objectivos?
Estas vão ser as questões que nos próximos tempos vão estar no centro das nossas atenções.