A equação que simpliffica a banca

Por Cláudia Carvalheira, Diretora na Hitachi Digital Services

A Automação Robótica de Processos (RPA – Robotic Process Automation) não é exatamente um conceito novo, embora esteja a viver uma transformação que a está a tornar mais relevante do que nunca, particularmente quando aplicada ao setor bancário. Esta evolução está a redesenhar a forma como interagimos com o nosso banco, transformando processos morosos, e muitas vezes frustrantes, em ações imediatas e simples: já não falamos apenas de automação, mas sim de capacidade de adaptação.

Criada originalmente para replicar tarefas repetitivas, como preencher formulários ou gerir dados, a RPA servia sobretudo como uma forma de copiar o comportamento humano em tarefas administrativas com um padrão previsível, de forma eficiente e poupando tempo. No entanto, hoje, com a integração de Inteligência Artificial (IA), evoluiu para algo que me parece muito mais interessante.

Sempre que abrimos uma conta bancária no nosso telefone ou computador, estamos a interagir com um ecossistema alavancado por tecnologias integradas com RPA. Quando verificamos o nosso saldo ou até quando nos candidatamos a um crédito, não há uma pessoa sentada do outro lado do ecrã a processar os nossos pedidos. É a RPA que colige, verifica e processa toda esta informação, em vários sistemas. É, na verdade, o motor invisível que torna as nossas operações bancárias em experiências mais simpáticas e com menos esforço. De facto, atrás do que parece ser uma transação simples, está uma rede complexa de diversas automações, a trabalhar em sintonia. A RPA assegura que os documentos estão preenchidos, que os dados foram verificados e sugere decisões – quase de forma imediata.

Os bancos não estão a adotar esta ferramenta apenas por altruísmo, evidentemente. Fazem-no porque estes sistemas os ajudam a alcançar os seus objetivos aumentar a eficiência e conseguir competir num palco cada vez mais global. Os clientes, também, exigem cada vez mais rapidez e simplicidade. Para a maioria das pessoas, e cada vez mais, os serviços bancários têm de ser tão simples como o pagamento da conta da água ou a compra de um café.

Apesar dos muitos avanços, a sua implementação continua a ter desafios. Muitos bancos ainda dependem de sistemas antiquados, pesados e com uma infraestrutura que não foi construída para acomodar a velocidade da automação como a entendemos agora. Isto conduz-nos a situações em que a RPA é quase como um penso rápido numa ferida profunda. Nestes casos, a tecnologia luta para atingir a eficiência que prometeu, e os bancos têm de gerir soluções menos integradas, quase como mantas de retalhos. No entanto, as instituições que têm investido na integração de RPA com IA estão a colher frutos significativos.

Estes sistemas fazem mais do que imitar o comportamento humano – aprendem. Por exemplo, quando falamos de deteção de fraude, um sistema RPA com IA não só consegue identificar transações suspeitas, como consegue igualmente analisar padrões que tornem futuras deteções mais certeiras e rápidas.

Para uma matemática, como eu, a RPA é muito semelhante a resolver uma equação. Começamos com os dados (na equação, as variáveis) de entrada – a informação dos clientes e os sistemas do banco. O processo é o fluxo de automação, um conjunto de passos lógicos que produzem um resultado. E o resultado é, idealmente, uma experiência bancária mais rápida, otimizada e orientada para o cliente.

No entanto, tal como na matemática, nem todas as equações são simples. Algumas evoluem na sua complexidade, de forma a alcançar mais resultados. O mesmo acontece com esta implementação da RPA – é um processo contínuo de aperfeiçoamento, equilibrando o antigo com o novo, integrando sistemas legados com tecnologia de ponta.

No fundo, a RPA não é apenas uma ferramenta de automação – é uma ponte. Liga os sistemas do passado ms expectativas digitais do presente e, esperamos, ms soluções ágeis e inteligentes do futuro. É a força escondida por trás das nossas experiências bancárias descomplicadas, uma revolução silenciosa que está a modificar a forma como encaramos o que é um banco. Como em qualquer boa equação, simplifica e resolve a complexidade dos seus elementos para nos entregar um resultado melhor do que a soma das suas partes.