Novo CEO espanhol da Ikea quer baixar preços e expandir o negócio na China e nos EUA

O espanhol Juvencio Maeztu assumiu oficialmente, no passado dia 5 de novembro, a liderança executiva do Ingka Group, o principal franchisado da Ikea, passando a gerir cerca de 90% do negócio global da marca sueca. Com 25 anos de carreira na empresa, o novo CEO iniciou o seu percurso na loja de Alcorcón, em Madrid, e tornou-se o primeiro executivo não escandinavo a comandar a estrutura operacional do grupo.

Pedro Gonçalves
Novembro 12, 2025
12:44

O espanhol Juvencio Maeztu assumiu oficialmente, no passado dia 5 de novembro, a liderança executiva do Ingka Group, o principal franchisado da Ikea, passando a gerir cerca de 90% do negócio global da marca sueca. Com 25 anos de carreira na empresa, o novo CEO iniciou o seu percurso na loja de Alcorcón, em Madrid, e tornou-se o primeiro executivo não escandinavo a comandar a estrutura operacional do grupo.

Segundo dados divulgados esta terça-feira e citados pelo Cinco Días, o Ingka Group encerrou o exercício de 2024-2025, terminado a 31 de agosto, com um volume de vendas de 41.451 milhões de euros — uma ligeira descida de 1% face ao período anterior. No entanto, o lucro líquido aumentou 25%, atingindo 1.411 milhões de euros. A empresa associa a quebra na faturação à política de redução de preços, explicando que, apesar disso, os volumes de venda cresceram 1,6%.

Maeztu assegura que “a estratégia fundamental da companhia não vai mudar: oferecer mobiliário para o lar a preços acessíveis”. O gestor explicou, num encontro com jornalistas, que continuará a apostar nos “três pilares que sustentam esse objetivo: acessibilidade, proximidade com os clientes e sustentabilidade”. Entre as suas metas principais está “crescer significativamente” em mercados-chave, nomeadamente na Europa, Índia, China e Estados Unidos — sendo estes dois últimos vistos como prioritários para a expansão da marca.

Atualmente, o continente europeu representa 73,8% das receitas da Ikea, com a Alemanha a liderar as vendas globais (15,4%), seguida dos Estados Unidos (12,6%), enquanto a região Ásia-Pacífico corresponde a apenas 9%. Maeztu reafirmou a importância estratégica do mercado norte-americano, recordando que o grupo planeia investir 2.000 milhões de euros nos Estados Unidos, incluindo a expansão da capacidade produtiva local. “Temos uma estratégia muito clara a longo prazo: tanto os Estados Unidos como outros mercados serão cada vez mais importantes para nós”, afirmou o executivo.

A China e a Índia são igualmente prioridades na nova fase de crescimento. “O nosso compromisso é com a maioria das pessoas, e o Ocidente representa apenas 15% da população mundial”, sublinhou Maeztu, acrescentando que a empresa está a “acelerar o desenvolvimento de formatos e soluções digitais” no mercado chinês e a reforçar o fornecimento e a produção local em ambos os países.

Além da expansão geográfica, o novo líder da Ikea definiu duas diretrizes centrais para a próxima etapa: resiliência e simplificação. Num contexto global marcado por “maior disrupção e fragmentação”, Maeztu defende que as cadeias de abastecimento “não podem depender tanto de imprevistos no curto prazo” e que a eficiência de custos é essencial para continuar a reduzir preços. Em paralelo, considera que é necessário “liderar de uma forma mais simples e ágil, capaz de tornar a empresa mais eficiente”.

No caso de Espanha, onde a Ikea faturou cerca de 2.000 milhões de euros no último exercício, com um crescimento de 2,8%, Maeztu destaca o papel histórico e estratégico do país. “Espanha sempre desempenhou um papel muito importante no mundo Ikea, pela ligação à marca, pelo talento das equipas e pelo seu caráter empreendedor”, afirmou. O mercado espanhol tem funcionado como “um verdadeiro laboratório de inovação”, onde foram testados formatos que mais tarde se expandiram para cidades como Tóquio, Paris e Xangai.

Um dos exemplos é a plataforma de venda de segunda mão da Ikea, lançada inicialmente em Espanha e agora em expansão internacional. “Está a correr bem porque o cliente confia mais quando a própria marca está por detrás. O plano é levar este modelo a todos os países”, revelou Maeztu.

Outro setor em crescimento é o da restauração, que já representa 5% da faturação global do Ingka Group e cerca de 4% em Espanha. “Antes, os restaurantes serviam apenas para que os clientes famintos permanecessem mais tempo na loja. Agora, são muitas vezes o motivo principal da visita”, observou o executivo, reforçando que esta área continuará “sempre integrada com a Ikea” e não será transformada numa cadeia de restauração independente.

Com a nova liderança, a gigante sueca pretende consolidar o seu modelo de negócio, reforçar a sua presença fora da Europa e continuar a cumprir o compromisso que tem marcado a sua história: oferecer design acessível, sustentável e global.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.