
Zelensky denuncia que China está a fornecer artilharia à Rússia e acusa Pequim de violar promessa de neutralidade
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou esta quinta-feira, 17 de abril, que o seu país possui provas de que a China está a fornecer artilharia e pólvora à Rússia, numa acusação que promete agravar ainda mais as já tensas relações entre Kiev e Pequim.
A revelação foi feita durante uma conferência de imprensa realizada em Kiev, em que Zelensky não escondeu a sua desilusão face ao envolvimento de Pequim no conflito iniciado com a invasão russa em larga escala da Ucrânia, em 2022.
“Acreditamos que representantes chineses estão envolvidos na produção de algumas armas no território da Rússia”, declarou Zelensky, sem especificar se se trataria de sistemas de artilharia completos ou apenas munições, como obuses ou projéteis.
Segundo o chefe de Estado ucraniano, as informações em posse dos serviços de inteligência apontam para uma colaboração ativa entre a China e a Rússia com vista ao reforço das capacidades militares de Moscovo.
“Já temos factos sobre esta cooperação entre China e Rússia no sentido de fortalecerem as suas capacidades de defesa”, acrescentou Zelensky, sublinhando que o alegado apoio contraria uma promessa direta feita pelo Presidente chinês, Xi Jinping, de que Pequim não venderia nem forneceria armas a Moscovo.
China em rota de colisão com Kiev
Estas declarações surgem numa altura em que a relação diplomática entre a Ucrânia e a China se encontra sob forte pressão. Recentemente, Kiev tornou pública a captura de cidadãos chineses a combater ao lado das forças russas, o que já havia provocado desconforto nos canais diplomáticos entre os dois países.
Apesar de se ter posicionado publicamente como um actor neutro no conflito, a China tem sido repetidamente acusada de beneficiar, direta ou indiretamente, o esforço de guerra russo, através de apoio económico, fornecimento de componentes industriais e agora, alegadamente, também militar.
A confirmar-se, o envolvimento chinês poderá constituir uma violação grave do compromisso de neutralidade assumido por Pequim e aumentar o isolamento diplomático da China junto dos países ocidentais.