
Vários países da UE “estão dispostos” a participar em missão de paz na Ucrânia. Rússia avisa que vai responder “com todos os meios”
Os ministros da Defesa de França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Polónia, integrantes do grupo E5 — os cinco países europeus que mais contribuem financeiramente para a NATO —, manifestaram esta quinta-feira o seu compromisso em manter a assistência militar à Ucrânia e reforçar o investimento europeu na Defesa. Durante a reunião realizada em Paris, que teve como foco a situação da guerra e o fortalecimento da segurança europeia, foi também levantada a possibilidade de uma missão de paz internacional no território ucraniano.
O ministro francês da Defesa, Sébastien Lecornu, sublinhou que “a primeira garantia de segurança para a Ucrânia é o seu próprio Exército” e reafirmou que o apoio internacional continuará. Contudo, revelou que cerca de quinze países estão dispostos a participar numa eventual missão de paz, sem especificar quais. Uma nova reunião de chefes militares está agendada para a próxima semana, sob a iniciativa do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
John Healey, Secretário da Defesa do Reino Unido, afirmou que os aliados europeus pretendem acelerar a formação de uma “coalizão de vontades” para garantir a segurança da Ucrânia, mesmo que um cessar-fogo seja acordado.
Lecornu evitou entrar em detalhes sobre o formato de um eventual apoio europeu a um acordo de paz, afirmando que “a negociação autêntica ainda precisa de começar” e que será necessário avaliar “o que a Rússia está disposta a conceder para alcançar um cessar-fogo” e “o que será necessário para garantir um acordo duradouro”.
Visões divergentes sobre a segurança europeia
O ministro italiano da Defesa, Guido Crosetto, destacou a importância de um Exército ucraniano forte, argumentando que “um país desmilitarizado não pode existir”. Por sua vez, o ministro alemão Boris Pistorius sublinhou que os países europeus têm melhorado a coordenação no fornecimento de ajuda militar à Ucrânia. Já o ministro polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, defendeu que o cessar-fogo proposto entre Kiev e Washington será “um teste para a Federação Russa” para medir a sua verdadeira disposição para a paz.
O britânico Healey reforçou a necessidade de preparação para qualquer cenário, afirmando que “todos queremos a paz e estamos dispostos a reforçar o nosso apoio para alcançá-la”. Acrescentou ainda que “estes são dias decisivos”, sobretudo após a reunião “vital” entre os Estados Unidos e a Ucrânia na Arábia Saudita.
Rússia promete retaliação
Em resposta à possibilidade de presença de forças estrangeiras na Ucrânia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo emitiu um aviso severo esta quinta-feira. A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, declarou que Moscovo “responderá com todos os meios disponíveis” caso tropas estrangeiras sejam implantadas na Ucrânia. A Rússia considera qualquer deslocação de forças de outros países como “uma implicação direta no conflito”, reforçou Zakharova, alertando para “medidas apropriadas” de retaliação.
Até ao momento, os Estados Unidos descartaram o envio de tropas para o terreno, mas o Reino Unido e a França continuam a avaliar essa possibilidade, segundo fontes oficiais europeias. O debate sobre uma força de paz surge num momento em que os líderes ocidentais procuram garantir a segurança da Ucrânia, mesmo na eventualidade de um acordo de paz com a Rússia.
A próxima semana poderá ser crucial para determinar o futuro da segurança europeia e as estratégias a adotar para conter as ameaças no continente.