Arábia Saudita abre as comportas do ‘ouro negro’: É o fim da era dos preços altos?

A Arábia Saudita decidiu alterar radicalmente a sua estratégia petrolífera, abandonando o objetivo não oficial de manter os preços do petróleo a 100 dólares por barril. Esta mudança foi revelada pelo Financial Times e representa uma reviravolta significativa para um dos maiores produtores de petróleo do mundo, que, nos últimos anos, tem cortado a produção para tentar aumentar os preços.

Após anos de cortes na produção e uma diminuição da quota de mercado, o reino está pronto para aumentar a produção de crude a partir de dezembro. A decisão ocorre num contexto onde os preços do petróleo estão a cair, com os futuros do Brent a registarem uma descida superior a 3%, colocando a cotação abaixo dos 70 dólares por barril, o nível mais baixo desde dezembro de 2021.

Analistas como Tamas Varga, da PVM Oil, indicam que a frustração da Arábia Saudita com a ineficácia das políticas de produção do grupo OPEP+ poderá ter impulsionado esta decisão. O cartel, que inclui a Arábia Saudita e outros grandes produtores, adiou a sua decisão de aumentar a produção, uma situação que gerou incertezas no mercado e levou a uma queda acentuada nos preços.

Em paralelo, a Líbia poderá também restaurar a sua produção, o que se somará a este cenário de aumento da oferta. O mercado já enfrenta preocupações sobre a fraca procura nos EUA e na China, que podem agravar ainda mais a situação.

Com o aumento da produção, a Arábia Saudita está disposta a enfrentar um período de preços mais baixos do petróleo, semelhante ao que ocorreu entre 2014 e 2016. A mudança de estratégia reflete a decisão do reino de não continuar a ceder quota de mercado, mesmo que isso signifique operar com preços mais baixos.

O governo saudita, sob a liderança do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, reconhece a necessidade de preços elevados para equilibrar o orçamento, mas também considera que tem opções financeiras suficientes para lidar com a situação atual.

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