Vantagem de armamento dos EUA sobre Rússia e China ameaça estabilidade e aumenta risco de “erros perigosos”, alertam especialistas

Os Estados Unidos e seus aliados são capazes de ameaçar e destruir todos os locais de lançamento nuclear da Rússia e da China com armas convencionais, criando uma situação geopolítica potencialmente instável.

De acordo com os professores Dan Plesch e Manuel Galileo, da Universidade SOAS de Londres, citados pelos britânicos de ‘The Guardian’, em causa está uma “revolução silenciosa nos assuntos militares”, que refletem o aumento do poder militar dos EUA em relação a Moscovo e Prquim, particularmente na tecnologia dos mísseis. Os especialistas argumentaram que isso poderia criar condições para uma nova corrida armamentista que vai merecer resposta da Rússia e China – e até mesmo criar um risco de erro de cálculo numa grande crise, já que qualquer um dos países pode recorrer ao lançamento de armas nucleares para ficar à frente dos EUA.

Num artigo esta quinta-feira, Plesch e Galileo indicaram que os EUA têm “uma capacidade plausível atual com forças não nucleares para antecipar as forças nucleares russas e chinesas”, o que lhes dá uma vantagem militar sobre os dois países.

Os autores estimaram que existam 150 locais remotos de lançamento nuclear na Rússia e 70 na China, a aproximadamente 2.500 km da fronteira mais próxima, todos os quais poderiam ser alcançados pelos mísseis de cruzeiro JASSM e Tomahawk lançados pelos EUA em pouco mais de duas horas, num ataque inicial projetado para impedir o lançamento de armas nucleares.

“Os EUA e seus aliados podem ameaçar até mesmo as forças estratégicas mais enterradas e móveis da Rússia e da China”, referiram os autores, que estimaram haver 3.500 JASSM e 4 mil Tomahawks disponíveis para os EUA e os seus aliados.

“A nossa análise prevê que apenas os sistemas móveis russos e os sistemas estratégicos chineses profundamente enterrados podem ser considerados capazes de sobreviver a ataques de mísseis convencionais e são muito mais vulneráveis ​​do que normalmente se considera”, acrescentaram.

“O poder de fogo convencional global dos EUA é subestimado, o que ameaça tanto as realidades quanto as perceções de estabilidade estratégica”, salientaram, acrescentando que qualquer uso híbrido de armas nucleares junto com mísseis convencionais complicaria um quadro já tenso.

Embora poucos acreditem que um grande confronto entre os EUA e a Rússia ou a China seja possível, a invasão da Ucrânia aumentou dramaticamente a incerteza global. O presidente russo, Vladimir Putin, alertou em março que Moscovo estaria disposta a usar armas nucleares se a sua soberania ou independência fosse ameaçada.

A força das capacidades convencionais de mísseis dos EUA é tal que “pressiona a Rússia e a China a colocar os seus mísseis ‘em gatilho rápido'”, prontos para serem lançados imediatamente, escreveram os autores. “Os EUA seriam o alvo de qualquer lançamento equivocado que um deles fizesse.”

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