
Vai viajar para os EUA? Cinco precauções essenciais para evitar complicações na fronteira
Desde o regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pela segunda vez, os turistas alemães têm evitado o país em números crescentes. Várias detenções de cidadãos na fronteira e mudanças na política de imigração norte-americana estão a contribuir para este declínio. Em resposta às novas realidades, especialistas e agências de viagens na Alemanha estão a aconselhar os viajantes a tomarem precauções adicionais para proteger a sua segurança pessoal e digital.
Segundo a Euronews Travel, desde que Trump regressou à Casa Branca, o número de visitantes alemães aos EUA caiu drasticamente. De acordo com agências de viagens alemãs contactadas pela publicação, as reservas caíram mais de 50% no primeiro trimestre de 2025, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, durante o mandato de Joe Biden. Apesar disso, não se registaram cancelamentos significativos. Ainda assim, episódios recentes – como o de uma cientista alegadamente impedida de entrar nos EUA devido a mensagens críticas a Trump no seu telemóvel – têm gerado alarme.
Uma das principais recomendações é fazer cópias de segurança dos dados antes da viagem. As autoridades americanas têm o poder de reter dispositivos eletrónicos e exigir códigos de acesso, mesmo a turistas com visto ou autorização de entrada (como o ESTA). Os dispositivos podem ser confiscados por tempo indefinido, pelo que é aconselhável guardar dados importantes num computador deixado em casa. Caso seja necessário levar um portátil, os especialistas recomendam eliminar documentos sensíveis.
Além disso, deve-se evitar levar equipamentos que possam ser interpretados como ferramentas de trabalho. A tatuadora Jessica Brösche, de 29 anos, oriunda de Berlim, foi detida por transportar material de tatuagem, levando as autoridades a presumirem que pretendia trabalhar ilegalmente nos EUA. Este caso ilustra os riscos de transportar objetos que possam levantar suspeitas, mesmo sem intenção laboral. Recomenda-se, por isso, discrição na bagagem e atenção ao conteúdo digital.
Outro cuidado essencial é verificar o conteúdo dos dispositivos móveis antes da chegada à fronteira. Os agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) estão legalmente autorizados a aceder aos telemóveis dos não cidadãos. Recusar-se a fornecer a palavra-passe pode resultar na recusa de entrada, mesmo com toda a documentação em ordem. Apagar dados também pode parecer suspeito, mas, se forem apagadas mensagens, é crucial garantir que não permanecem em pastas como “Apagados recentemente” no iMessage ou “Arquivo” no WhatsApp.
É ainda aconselhado memorizar o número de telefone de alguém de confiança e deixar uma chave de casa com essa pessoa. Em casos de detenção prolongada, os viajantes têm, por norma, direito a uma chamada telefónica. No entanto, se o telemóvel for confiscado, poderá não haver acesso à lista de contactos. Ter alguém que possa contactar a embaixada ou um advogado, e até regar as plantas em casa, pode fazer a diferença. Também é prudente limitar a exposição em redes sociais, mantendo os perfis privados e evitando imagens em manifestações – sobretudo após casos como o do residente permanente Mahmoud Khalil, deportado por ter participado num protesto pró-Palestina.
Desligar os dispositivos eletrónicos antes do voo é outra medida aconselhada. De acordo com guias de segurança digital, os dispositivos são mais resistentes a ataques quando reiniciados recentemente. Além disso, deve-se desativar temporariamente funcionalidades como o FaceID ou o TouchID, uma vez que a legalidade do seu uso forçado por parte das autoridades fronteiriças permanece numa zona cinzenta. Adicionalmente, deve-se evitar simplesmente colocar os aparelhos em modo de suspensão.
Por fim, é fundamental ter fundos disponíveis para um bilhete de emergência de regresso. O turista alemão Lucas Sielaff foi detido durante vários dias na fronteira com o México, sem qualquer previsão de libertação. Quando finalmente foi autorizado a sair, teve de comprar um voo direto para a Alemanha no valor de quase 3000 euros, segundo a agência Associated Press. Este episódio serve como lembrete de que é sensato manter uma reserva financeira para emergências imprevistas que possam exigir uma saída imediata do território norte-americano.
Estas recomendações não devem ser interpretadas como alarmistas, mas sim como medidas de prudência face às novas circunstâncias de entrada nos Estados Unidos. Com preparação adequada, continua a ser possível visitar o país em segurança – mas a realidade nas fronteiras mudou, e os viajantes devem adaptar-se para evitar surpresas desagradáveis.