
União Europeia reforça sanções contra a Rússia com ‘ataque’ à “frota fantasma” e alumínio
Os Estados-membros da União Europeia (UE) chegaram esta quarta-feira a acordo para reforçar as sanções contra a Rússia, poucos dias antes do terceiro aniversário da invasão da Ucrânia. Entre as novas medidas destacam-se a proibição da importação de alumínio russo e um endurecimento das restrições contra a chamada “frota fantasma” — um conjunto de embarcações utilizadas por Moscovo para contornar as sanções comerciais impostas pelo Ocidente.
O acordo foi celebrado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que, através das redes sociais, destacou que a UE está a “tomar medidas mais drásticas contra a evasão de sanções”. Von der Leyen sublinhou que este pacote “aponta a mais navios da frota fantasma de Putin e impõe novas proibições de importação e exportação”, reforçando o compromisso do bloco europeu em “manter a pressão sobre o Kremlin”.
A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, também saudou o novo conjunto de restrições, sublinhando que estas sanções têm como objetivo fechar as “portas traseiras” que permitem o funcionamento da máquina de guerra russa. “O Kremlin não dobrará a nossa determinação”, afirmou a ex-primeira-ministra da Estónia.
Medidas atingem frota clandestina e empresas envolvidas na evasão das sanções
O 16.º pacote de sanções imposto pela UE desde o início da invasão russa inclui medidas contra 73 embarcações da frota clandestina utilizada por Moscovo para contornar as restrições comerciais. Além disso, foram sancionadas 53 empresas que facilitam estas operações, de acordo com fontes diplomáticas europeias.
Uma das novidades do pacote é a inclusão da tripulação e dos capitães dos navios na lista de indivíduos sancionados. Com esta medida, a UE pretende dificultar a movimentação destas embarcações no mar Báltico e reforçar a “lista negra” de entidades proibidas de operar nos portos europeus.
Além disso, as sanções individuais foram alargadas a 48 novas pessoas e 35 entidades, elevando para quase 2.400 o número total de indivíduos e empresas que enfrentam restrições na UE. Estes alvos estão proibidos de entrar no espaço europeu e veem os seus bens congelados no território da União, constituindo o maior pacote de sanções da história do bloco.
Embargo ao alumínio e novas restrições económicas
A nova ronda de sanções surge num momento em que Moscovo procura uma reaproximação diplomática aos Estados Unidos, na tentativa de negociar uma retirada de sanções e iniciar conversações de paz sobre a Ucrânia. Até ao momento, no entanto, as autoridades russas não incluíram nem os ucranianos nem os europeus nesse diálogo.
Nesse contexto, a UE reforça a sua estratégia de pressão económica ao atingir setores-chave da economia russa. Pela primeira vez, os 27 Estados-membros concordaram em proibir a importação de alumínio proveniente da Rússia, um setor estratégico para a indústria do país.
Além disso, foram impostas restrições à exportação europeia de precursores químicos utilizados na indústria militar russa e reforçadas as proibições relacionadas com serviços de refinaria de petróleo e gás.
Limitação de transações comerciais e possível restrição a videojogos
No setor comercial, a UE impôs novas restrições a transações económicas, proibindo operações com 11 portos e aeroportos russos e retirando 13 bancos adicionais do sistema de pagamentos SWIFT.
Uma das propostas que ainda está em discussão dentro do bloco europeu é a possível proibição da exportação de consolas de videojogos para a Rússia. Segundo o Serviço de Ação Externa da UE, o exército russo tem utilizado equipamentos de gaming para operar drones no conflito na Ucrânia, tornando este setor um possível alvo de novas restrições.
Este novo pacote de sanções reflete o compromisso da União Europeia em apertar o cerco económico a Moscovo, impedindo que o Kremlin encontre formas alternativas de financiamento para a sua máquina de guerra.