Uma das cidades mais turísticas da Europa pode desaparecer do mapa (e já tem data…)

Uma das cidades mais admiradas e fotografadas da Europa pode estar a viver os seus últimos anos, de acordo com as previsões científicas.

A cidade italiana, que recebe uma média de 30 milhões de turistas, está no ‘epicentro’ de uma mistura explosiva de mudanças climáticas, aumento do nível do mar e subsidência progressiva da terra que estão a levar o seu futuro para uma situação crítica, colocando em risco o seu enorme legado cultural.

Se pensou em Veneza, tem toda a razão: a cidade do nordeste de Itália pode, de acordo com um estudo recente do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV) transalpino, pode ficar parcialmente submersa antes de 2150. O estudo, publicado na revista científica ‘Remote Sensing’ – que pode consultar aqui – alertou que nem mesmo o sistema de barreiras míveis do MoSE, em operação desde 2020, será suficiente para conter as marés futuras se se mantiver o ritmo atual da elevação do nível do mar.

“O cenário mais extremo sugeriu que o nível do mar pode subir até 3,47 metros em eventos únicos e de alta intensidade”, explicaram Marco Anzidei e Cristiano Tolomei, autores do estudo. Este aumento foi calculado com base em dados da estação marégrafica Punta della Salute, no Canal Giudecca, uma subida que, de acordo com os especialistas, que ameaça não apenas Veneza, mas toda a lagoa e áreas ao redor.

O sistema MoSE foi projetado para proteger a cidade de marés altas de até três metros de altura. No entanto, os investigadores ressaltaram que se o nível médio do mar atingir 60 centímetros até 2100, como previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), nas Nações Unidas, o sistema vai tornar-se obsoleto muito antes do esperado – nesse caso, a barreira natural que separa o Mar Adriático da lagoa poderia ser completamente superada.

Através de modelos digitais e dados de satélite, a equipa de cientistas desenvolveu mapas de risco em três datas importantes: 2050, 2100 e 2150.

Se o pior cenário ocorrer, até 64% da superfície da lagoa poderá ser inundada, o que se traduz em mais de 220 km² de território subaquático. A essa situação se soma outro problema silencioso, porém constante: o afundamento do solo. Especialistas estimaram que Veneza esteja a afundar a uma taxa de até sete milímetros por ano, um número que parece insignificante no dia a dia, mas que, acumulado ao longo de décadas, tem consequências devastadoras. O fenómeno, conhecido como subsidência, aumentou ainda mais a vulnerabilidade da cidade à elevação do nível do mar.

“Estamos num ponto sem retorno se não forem tomadas decisões ousadas e urgentes”, alertaram Tommaso Alberti e Daniele Trippanera, também membros da equipa do estudo. Segundo eles, é necessário repensar completamente a estratégia de gestão do território, não contando apenas com a infraestrutura física, mas também implementando políticas de adaptação climática, proteção do património e uso sustentável dos recursos hídricos.