“Uma charada envolta em mistério dentro de um enigma”: Rússia não para de acumular petróleo no mar e ninguém sabe porquê

A Rússia registou os níveis mais altos dos últimos anos na exportação de petróleo, assim como na quantidade de petróleo acumulado no mar: apesar do anúncio do corte de 500 mil barris diários na produção, as ‘torneiras’ estão a fazer jorrar mais petróleo do que se pensava.

Os dados sobre exportações e petróleo flutuante estão a deixar as previsões que as organizações internacionais e de energia fizeram sobre o fornecimento de petróleo bruto – a principal previsão apontou a uma falta de petróleo devido a sanções e cortes na Rússia. Atualmente, a ‘frota paralela’ russa é composta por cerca de 600 embarcações, que estão a ficar mais eficazes a contornar as sanções marítimas ocidentais, revelou esta quarta-feira o jornal espanhol ‘El Economista’.

Os navios russos têm mais de 125 milhões de barris de petróleo no mar, sendo que boa parte deles está atualmente em trânsito, enquanto o restante é utilizada como depósito. “É uma charada envolta em mistério dentro de um enigma”, revelam os especialistas, citando Winston Churchill. “As maquinações russas no mercado do petróleo, após a imposição de sanções pelo Ocidente, atestam certamente essa definição”, apontaram.

A Rússia tornou-se um país líder no transporte de petróleo e produtos refinados quase da noite para o dia. O ponto é que, do lado da oferta do mercado de petróleo, isso complica muito a análise e as previsões: “As ações russas atrapalham o abastecimento, o petróleo em trânsito e os stocks”, sublinharam os analistas da ‘BCA Research’.

Diante dos esperados problemas para a Rússia vender o seu petróleo, o Kremlin atingiu um novo máximo de exportações de petróleo bruto, sendo que o relatório de maio da Agência Internacional de Energia (IEA) apontou que “em abril, as exportações atingiram um novo máximo pós-pandemia de 8,3 milhões de barris diários”. “A Rússia pode aumentar os seus volumes para compensar a receita perdida”, observou a agência.

No entanto, a confusão não está somente do lado da oferta: na procura, a China começou a restringir o acesso de empresas que recolhem informações e dados para avaliações económicas. Nos mercados de energia, os níveis de stock de petróleo já são tratados como segredos de Estado. “Estes fatores aumentam a incerteza sobre os dados do petróleo, como produção, consumo, comércio e stocks, e tornam-se um risco que deve ser levado em consideração nas decisões de investimento e comércio”, finalizaram os economistas da ‘BCA Research’.

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