
“Um novo governo alemão com uma orientação favorável às empresas pode assegurar um novo impulso à enferma economia alemã”, aponta analista
A Alemanha concluiu o seu processo eleitoral, e a nova distribuição de lugares no parlamento já está definida. Com a contagem finalizada, analistas do mercado de capitais mostram-se otimistas com a possibilidade de um governo mais favorável às empresas.
Antes das eleições, não estava claro quantos partidos conseguiriam entrar no Bundestag. Até tarde, persistiam dúvidas sobre a presença do FDP (Liberais) e do BSW (Buendnis Sahra Wagenknecht, esquerda) no parlamento. No fim, o BSW não conseguiu ultrapassar a barreira eleitoral, eliminando a necessidade de coligações de três partidos para formar governo, o que pode simplificar as negociações.
O líder da CDU (centro-direita), Friedrich Merz, já manifestou intenção de formar governo antes da Páscoa, o que poderia acelerar a definição de novas políticas económicas e empresariais no país.
Apesar da fraca performance económica da Alemanha nos últimos anos, muitas empresas conseguiram manter resultados positivos, refletindo-se nos índices bolsistas. O DAX registou um crescimento de 19% em 2024 e 12% até fevereiro de 2025. Ainda assim, as empresas listadas nesse índice obtêm cerca de 20% da sua faturação dentro da Alemanha.
“Um novo governo alemão com uma orientação favorável às empresas pode assegurar um novo impulso muito necessário à enferma economia alemã, sobretudo se se tratar de facto de desregulação e de redução da carga fiscal. Isto também pode revitalizar o consumo alemão e, por conseguinte, o crescimento económico alemão.”, sublinha Christoph Berger, Diretor de Investimento (CIO) de Ações da Europa da Allianz Global Investors (AllianzGI).
Com a exclusão do FDP e do BSW do Bundestag, cresce a expectativa pela formação de uma coligação entre CDU/CSU e SPD, repetindo a chamada “grande coligação” que governou sob Angela Merkel. Friedrich Merz, possível novo chanceler, defende um programa económico centrado em impostos mais baixos, menos regulação e redução de benefícios sociais. Já o SPD enfatiza justiça social, investimento em infraestrutura e redução dos custos energéticos.
Embora ainda seja cedo para previsões definitivas, alguns setores podem ser diretamente beneficiados por uma nova coligação. Ambas as partes defendem investimentos em infraestrutura, o que favorece empresas de construção, energia e digitalização. O SPD prioriza energias renováveis, alinhando-se com algumas políticas da CDU. Além disso, a modernização do sistema educativo e o incentivo à digitalização das cadeias de valor podem impulsionar inovações e start-ups.
Os setores que mais podem se beneficiar da nova conjuntura política incluem:
- Pequenas e médias empresas, devido à redução da burocracia e possível aumento da procura interna;
- Empresas de infraestrutura digital e energética, que podem ganhar com investimentos estatais;
- Empresas de defesa e cibersegurança, impulsionadas pelo aumento dos orçamentos militares.