Um “mal global” que é “como pedir um hambúrguer”: O que pensa Putin sobre a pornografia (e que medidas está a tomar para a combater)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, causou polémica ao abordar o tema do consumo de pornografia durante a sua habitual conferência de imprensa anual. Ao comparar o acesso a este tipo de conteúdos com a facilidade de pedir um hambúrguer, Putin classificou as plataformas de pornografia como um “mal global”, mas rejeitou a ideia de proibir o acesso sem oferecer alternativas mais atrativas.

“Os sites de pornografia são algo que as pessoas veem em todo o mundo. É como pedir um hambúrguer”, afirmou Putin, surpreendendo os presentes. No entanto, o presidente russo enfatizou que a solução para o problema não reside em restrições, mas na criação de conteúdos mais interessantes que levem os utilizadores a abandonar o consumo por vontade própria.

A declaração de Putin foi feita em resposta a uma pergunta colocada por uma jornalista de um canal ligado à Igreja Ortodoxa Russa, que questionou se o Kremlin tinha planos de bloquear o acesso a sites pornográficos no país. Reconhecendo os impactos negativos associados a este tipo de plataformas, o presidente reforçou que uma proibição seria ineficaz se não viesse acompanhada de alternativas que atraíssem a atenção da população.

O consumo de pornografia é um tema amplamente discutido na Rússia e globalmente. Um estudo realizado em 2019 revelou que cerca de 75% dos russos consomem conteúdos pornográficos, o que reflete a sua forte presença na sociedade. Globalmente, as estatísticas são igualmente expressivas: apenas em 2018, a plataforma Pornhub registou mais de 5.800 milhões de horas de conteúdo consumido — o equivalente a 665 séculos de material visualizado em apenas um ano.

Estes números não só demonstram a magnitude do fenómeno, mas também destacam os desafios educativos e sociais que ele apresenta, especialmente entre os jovens. Estudos apontam que uma parte significativa dos adolescentes tem o primeiro contacto com este tipo de conteúdo antes dos 15 anos, o que levanta questões sobre a forma como a sociedade aborda o tema e os seus efeitos a longo prazo.

Além de tocar no tema da pornografia, Vladimir Putin aproveitou a conferência de imprensa para tratar de assuntos estratégicos tanto no âmbito interno como geopolítico. Sobre o conflito na Ucrânia, o presidente russo admitiu que teria sido melhor agir mais cedo, indicando que a decisão de iniciar a intervenção militar em 2022 “devia ter sido tomada antes”.

Relativamente ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Putin insinuou que este poderá procurar apoio externo no futuro. “Ele contará com o respaldo daqueles que beneficiam das suas ações atualmente”, afirmou, sugerindo possíveis mudanças no cenário político para Zelensky.

Putin também destacou a robustez das relações entre a Rússia e a China, que, segundo ele, vivem um dos seus melhores momentos. Referiu projetos conjuntos nos setores energético e militar como exemplos de cooperação bem-sucedida, rejeitando veementemente as alegações de que Moscovo estaria excessivamente dependente de Pequim.