UE está a pagar mais 89% pela energia da russa desde o início da guerra com a Ucrânia
Desde que eclodiu a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a 24 de fevereiro, que os preços da energia na Europa têm vindo a crescer sistematicamente. Contudo, a União Europeia estará a pagar mais 89% pelos combustíveis russos, apesar de estar a receber menos 15% desses produtos.
Avança a agência ‘Efe’ que atualmente o bloco europeu está a gastar quase 14 mil milhões de euros todos os meses para comprar carvão, petróleo ou gás à Rússia, um aumento expressivo comparativamente à média mensal de 7,3 mil milhões de euros de 2021. Os números têm por base dados do serviço estatístico Eurostat entre março e junho deste ano, contra o mesmo período do ano passado.
Os dados do Eurostat encontram eco nos que são apresentados pelo Centro para a Investigação sobre Energia e Ar Limpo, que aponta que a UE pagou a Moscovo 14,1 mil milhões de euros por carvão, petróleo e gás desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro passado.
A mesma organização calcula que o gasto total nos seis meses decorridos desde a invasão é de 85 mil milhões de euros, perto dos 102 mil milhões de euros que o bloco comunitário pagou a Moscovo em todo o ano de 2021.
Essa fonte de receitas permitiu à Rússia registar um superavit de 166,6 mil milhões de euros em julho de 2022, segundo avançou o Banco Central da Rússia.
Conta o ‘EL Economista’ que as reservas dos 27 Estados-membros da UE estão a 77,74% da sua capacidade total, sendo que está já em vigor, desde dia 9 de agosto, uma estratégia europeia para reduzir o consumo de gás natural em 15% até 31 de março de 2023.
Bruxelas está também a procurar contornar a utilização dos gasodutos da Rússia, optando por transportar gás natura liquefeito através do mar a partir do Qatar, do Egipto e dos Estados Unidos, tendo este último país exportado para a UE cerca de 57 mil milhões de metros cúbicos de gás nos primeiros seis meses deste ano, face aos 34 mil milhões enviados durante todo o ano de 2021.
O analista Goerg Zachmann, do grupo de reflexão Bruegel, acredita que a Eu será capaz de “enfrentar o próximo inverno, mesmo que a Rússia corte o abastecimento, mas as implicações nos preços serão bastante drásticas”. O especialista lança que “a Europa não sancionou o gás russo”, apontando que “é a Rússia quem nos sanciona”.