Ucrânia liberta mais de 2700 presos para irem combater contra a Rússia, devido à falta de militares

O Parlamento ucraniano aprovou em maio uma nova lei que impede que certos presos se integrem nas Forças Armadas de Ucrânia. De acordo com esta legislação, presos condenados por homicídio premeditado, violência sexual, tráfico e fabrico de drogas, ou crimes contra a segurança nacional, estão proibidos de servir no exército. A lei foi criada para responder às necessidades de pessoal no exército ucraniano, que se encontra em defesa do país desde o início da invasão russa, e tem sido amplamente usada nos últimos meses.

Até agora, mais de 2.750 condenados foram libertados para se juntarem à linha da frente, conforme informa o ‘The Washington Post’. Estes presos vão integrar brigadas de assalto da infantaria ucraniana, compostas exclusivamente por condenados, sob o comando de soldados regulares. Os condenados que voluntariamente decidirem servir nas Forças Armadas serão destinados às posições mais perigosas no campo de batalha.

O Ministro da Justiça, Denis Maliuska, estima que cerca de 4.000 homens se oferecerão como voluntários nesta primeira ronda de recrutamento. “A motivação dos nossos reclusos é mais forte do que a dos nossos soldados comuns. A sua libertação é apenas uma parte do motivo. Eles querem proteger o seu país e virar a página,” explicou Maliuska ao ‘The Washington Post’. Os presos não podem ser forçados a ir para a frente de combate, apenas se alistarão aqueles que voluntariamente se apresentarem, após passar um exame psicológico. Além disso, os candidatos devem estar em boa forma física e ter menos de 57 anos.

O recrutamento de presos não é novidade nesta guerra. Desde 2022, a Rússia, sob a direção do grupo militar Wagner, tem recrutado milhares de condenados das suas prisões. A alta intensidade dos combates na Ucrânia exige não só recursos materiais, mas também humanos. Quase 28 meses após o início da invasão em grande escala, as forças de Volodímir Zelenski necessitam de novo pessoal, não apenas para cobrir baixas, mas também para permitir que os soldados que têm lutado desde o início possam descansar.

As autoridades de Kiev estavam cientes destes problemas, mas adiaram a aprovação da nova lei de mobilização devido à sua impopularidade. Esta medida visa aumentar o recrutamento, apesar de que, mesmo com a nova legislação que baixou a idade de recrutamento de 27 para 25 anos e impôs punições mais severas para os evasores, o país ainda necessita de mais pessoal.

A amnistia para alguns presos faz parte do esforço de Ucrânia para reforçar o seu exército. Pouco depois da aprovação da nova legislação, a vice-ministra da Justiça, Olena Visotska, afirmou que com a nova lei seria possível alistar “50.000 recrutas entre aqueles que já cumpriram a sua pena, bem como 26.000 dos que estão atualmente encarcerados.”

No entanto, há opiniões divididas sobre a eficácia desta medida. Enquanto alguns comandantes aplaudem a nova lei, outros são mais céticos. Um oficial ucraniano consultado pelo ‘The Washington Post’ expressou preocupações de que os presos possam “causar desordem na frente ou abandonar os seus postos.” “Todos vão correr como Forrest Gump,” comentou, indicando o receio de que os recrutas presos possam fugir em massa.

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