Ucrânia: Lavrov acusa UE de não ter uma política externa própria

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, defendeu hoje que a União Europeia (UE) “não tem uma política externa”, em resposta à proposta de Bruxelas de uso para reconstrução da Ucrânia das reservas da Rússia confiscadas.

Para Lavrov, a proposta do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, acabará por cair, já que é apenas uma forma de seguir as exigências feitas pelos Estados Unidos, que sugeriram o uso de reservas russas congeladas pelas sanções para a reconstrução da Ucrânia.

“Borrell não deve esquecer que o seu posto é diplomático e não militar”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, durante uma visita à Argélia.

Lavrov comparou ainda a proposta de congelamento de reservas russas confiscadas pelas sanções da UE com a atitude que os EUA tiveram no Afeganistão.

“Congelaram o acesso ao banco central afegão. Mas não usam esse dinheiro para reconstruir o Afeganistão, que foi destruído como resultado das ações da NATO”, explicou o chefe da diplomacia russa.

Quanto ao abastecimento de gás, Lavrov repetiu que o abastecimento energético da Europa está garantido, elogiando o país seu anfitrião.

“Nós, tal como a Argélia, mantemos uma posição unificada no quadro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), com base em acordos anteriores e assim será no futuro”, esclareceu Lavrov.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia agradeceu à Argélia pelo que considerou ser uma “posição equilibrada e objetiva em relação aos acontecimentos” na Ucrânia, “tanto nas relações bilaterais como em vários fóruns internacionais”.

Lavrov defendeu ainda a invasão da Ucrânia, justificando-a com o “princípio da igualdade de soberania”, acusando os Estados Unidos e os seus aliados de ignorarem esses valores.

“A discussão gira em torno do princípio da igualdade na soberania dos Estados, proclamado pela Carta das Nações Unidas. E nós, como a Argélia, somos a favor dessa posição. Mas esse fator está a ser ignorado pelos Estados Unidos e pelos seus aliados”, acusou Lavrov.

A visita à Argélia do chefe da diplomacia russa – por ocasião do 60º aniversário do estabelecimento das relações entre os dois países – serviu para renovar a cooperação militar e comercial entre os dois países, com a assinatura de um novo documento sobre as relações bilaterais.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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