
Ucrânia: Delegações da Rússia e EUA reúnem-se hoje em Istambul para discutir “problemas sistémicos”
Diplomatas russos e norte-americanos reúnem-se hoje em Istambul, num novo encontro que surge após as primeiras conversações entre as duas partes na semana passada, na Arábia Saudita. A reunião foi confirmada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, que indicou que o encontro servirá para discutir “problemas sistémicos que se acumularam em resultado das atividades ilegítimas da anterior administração [norte-americana]”.
Lavrov, que falava numa conferência de imprensa no Qatar na véspera da reunião, afirmou que a Rússia pretende esclarecer “até que ponto as partes são capazes de avançar rápida e eficazmente” na resolução das questões que têm dificultado as relações bilaterais. O chefe da diplomacia russa referiu que Moscovo respondeu “na mesma moeda” às restrições impostas à sua embaixada nos Estados Unidos, criando também dificuldades ao funcionamento da missão diplomática norte-americana em Moscovo.
A Turquia, que acolhe este encontro, tem procurado desempenhar um papel de mediação na guerra da Ucrânia, uma posição que já tentou reforçar em março de 2022, quando recebeu duas rondas de negociações diretas entre Moscovo e Kiev. No entanto, essas tentativas não produziram avanços concretos.
O reinício do diálogo entre Rússia e Estados Unidos foi impulsionado por uma conversa telefónica entre os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump, que colocou fim a quase três anos sem contactos de alto nível devido à guerra na Ucrânia. No seguimento da reunião em Riade, tanto russos como norte-americanos manifestaram interesse em retomar as relações bilaterais, uma perspetiva que tem gerado receios entre Kiev e os aliados europeus, preocupados com a possibilidade de serem marginalizados no processo de resolução do conflito.
Após esse primeiro encontro, Lavrov e o novo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, expressaram a intenção de restabelecer o funcionamento normal das missões diplomáticas, depois das múltiplas expulsões de diplomatas que marcaram as relações entre Moscovo e Washington desde 2022. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, declarou recentemente que espera “progressos reais” na reunião de Istambul, que será conduzida “ao nível dos chefes de departamento” dos ministérios dos Negócios Estrangeiros de ambos os países.
Os Estados Unidos e os aliados ocidentais têm apoiado a Ucrânia desde a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, com fornecimento de armamento, assistência financeira e a imposição de sanções contra Moscovo. Contudo, desde que Donald Trump tomou posse como Presidente dos Estados Unidos, a 20 de janeiro, aumentaram os receios de que Washington possa reduzir esse apoio.
Trump tem sinalizado que poderá condicionar a ajuda norte-americana a Kiev ao acesso dos Estados Unidos a minerais estratégicos da Ucrânia, e há indicações de que o Presidente Volodymyr Zelensky poderá deslocar-se a Washington nos próximos dias para negociar um acordo sobre esta questão.